Google planeja vencer a morte ? Recentemente, o Google anunciou a
nova empresa de seu conglomerado: a Calico, ou California Life Company.
Como o nome sugere, o objetivo da companhia é contornar o envelhecimento
e prolongar a vida.
Imortalidade parece uma meta bastante surreal. Qual será a abordagem
prática do Google? O que as pesquisas científicas falam sobre o assunto?
A Calico foi criada para pesquisar o envelhecimento e suas doenças
associadas. Em uma coletiva de imprensa, o Google disse que vai
concentrar grande parte de seus esforços em condições como a doença de
Alzheimer, câncer e doenças cardíacas.
E isso foi tudo que a empresa falou. Na ausência de qualquer
informação concreta, muitos comentaristas têm especulado o que a Calico
de fato irá fazer. Uma das sugestões é que ela coletará grandes
quantidades de informação de pacientes e as analisará para ajudar a
acelerar o caminho das descobertas de saúde.
Aubrey de Grey, um especialista no campo da medicina regenerativa,
disse à CNN que é muito cedo para especular sobre a abordagem da Calico.
“Eu acho que é vital manter em mente que não há essencialmente nenhum
conhecimento sobre sua direção planejada e ênfase, e qualquer suposição
de que ela vai ter uma abordagem fortemente baseada em dados não é mais
que um palpite”, disse.
No entanto, ele não acha que a Calico irá limitar o seu foco para uma
única doença. “As declarações de Page e Levinson [CEO da Google e da
Calico, respectivamente], até agora, indicam fortemente que a ênfase não
será apenas o câncer, ou mesmo apenas uma série de doenças específicas,
mas o envelhecimento em si”, opina.
João Pedro de Magalhães, biólogo português que lidera o grupo
Genômica Integrativa do Envelhecimento da Universidade de Liverpool
(Reino Unido), concorda. “Pelo que eu li, eu não acho que a empresa vai
se concentrar principalmente no câncer. Larry Page afirma claramente que
solucionar o câncer ‘não é um grande avanço quanto se poderia pensar’.
Isso lembra o que os especialistas que estudam o envelhecimento vêm
dizendo há algum tempo, que é que, para realmente fazer a diferença na
saúde humana e na longevidade, você precisa enfrentar o processo de
envelhecimento, ao invés de doenças individuais relacionadas à idade”,
comenta.
Existe uma ampla gama de tecnologias e terapias que prometem a tão
esperada extensão da vida. Confira algumas delas, que estão sendo
pesquisadas e testadas, e podem se tornar o foco da Calico:
O Google e a Criogenia
Criogenia é um processo onde o corpo – ou, ocasionalmente, apenas a
cabeça – é suspenso em nitrogênio líquido para ser “preservado”
indefinidamente. A ideia é que, no futuro, o corpo poderá ser reanimado e
trazido de volta à vida.
Antes alvo de celebridades e multimilionários, a criogenia agora está
ganhando força entre o público mais amplo. Alguns meses atrás, três
funcionários sêniores da Universidade de Oxford (Reino Unido) se
inscreveram para ter seus corpos congelados com duas organizações
norte-americanas: o Cryonics Institute e o Alcor Life Extension
Foundation.
O custo da criogenia pode variar muito. O preço mais baixo no
Cryonics é declaradamente US$ 28.000 (cerca de R$ 56 mil) para
criopreservação. A Alcor cobra dos clientes até US$ 200.000 (cerca de R$
400 mil) por serviços similares. Mas será que funciona?
O Cryonics sublinha em seu site que, por enquanto, os tratamentos são
baseados em projeções de tecnologias que ainda não existem.
“Acreditamos firmemente que com os avanços incríveis que estão sendo
feitos em nanotecnologia e medicina, a criogenia tem o mesmo potencial
para se tornar uma realidade cotidiana em um futuro não tão distante”.
Também afirma que “o objetivo da criogenia é parar o processo de morte o
mais rápido possível após a morte legal, dando a futuros médicos a
melhor chance possível de reviver o paciente através da reparação ou
substituição de tecidos danificados, ou mesmo órgãos inteiros usando
computação avançada, nanotecnologia e equipamentos e procedimentos
médicos”.
Crioterapia
Esse campo relacionado à criogenia ganhou fama nos esportes, com
treinadores imergindo seus atletas em câmaras de crioterapia durante ou
após exercícios em uma tentativa de ajudar a curar ferimentos. O time de
futebol francês utilizou crioterapia durante a Taça dos Campeões
Europeus em 2012, e o time de rugby do País de Gales também já testou o
tratamento.
Câmaras crioterapêuticas expõem os jogadores a temperaturas muito
baixas – cerca de menos 160 graus Celsius por curtos períodos de tempo.
Alguns teóricos acreditam que isso pode ajudar a acelerar a recuperação
do corpo, mas outros dizem que a evidência é insatisfatória.
Telômeros e animais imortais
Em 2012, um grupo de cientistas da Universidade de Nottingham (Reino
Unido) descobriu uma espécie de verme que pode se
dividir “potencialmente para sempre” e, assim, curar a si mesmo. Outra
criatura “imortal” descoberta recentemente é a água-viva Turritopsis dohrnii.
Alguns pesquisadores esperam que esses achados proporcionem uma nova
visão de como pode ser possível aliviar o envelhecimento em células
humanas.
Nossas células-troncos envelhecem, e por isso se tornam menos capazes
de substituir células especializadas nos tecidos do nosso corpo. Já nos
vermes, por exemplo, as células-tronco são de alguma forma capazes de
evitar esse processo de envelhecimento. Os pesquisadores acreditam que a
chave para atingir isso nos humanos está na compreensão da função dos
telômeros – as extremidades de um cromossomo que protegem as células
contra a degradação. Eles pensam que, se encontrarmos uma maneira de
preservar os telômeros, estaremos mais perto de derrotar o
envelhecimento.
Clonagem e substituição de partes do corpo
Outra importante área de investigação é a criação e substituição de
órgãos. Muitas pessoas morrem devido à falência de órgãos, então não
depender de doadores seria um grande passo para a medicina.
Os cientistas já implantaram com sucesso rins cultivados em
laboratório em ratos. Se a terapia puder ser replicada a um custo
acessível nos seres humanos, poderia revolucionar a saúde. Os primeiros
trabalhos para a criação de órgãos usando impressoras 3D produziram
resultados promissores.
Nanotecnologia
A substituição de órgãos provavelmente será apenas parte da solução,
no entanto. Muitos cientistas acreditam que a longevidade através da
reparação do corpo humano necessita de um enfoque mais amplo.
Alguns creem que a nanotecnologia pode ser capaz de ajudar a curar
doenças. A implantação de pequenos robôs (ou nanobots) no corpo humano
pode ajudar a superar os problemas de replicação do DNA incorreta – uma
das causas centrais do envelhecimento.
A pesquisa nanotecnológica é interessante, mas pode estar mais longe
de encontrar uma solução para o envelhecimento do que outros tratamentos
biomédicos mais tradicionais.
Fonte:cnn
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