Terminada a Guerra Fria, com a vitória do campo ocidental, deram-se as condições para que se impusessem um modelo passando de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob a hegemonia imperial dos EUA.
Afeganistão: por meio das desastrosas intervenções dos EUA, o Taleban se fortaleceu e a população sofre consequências |
São Paulo – A revista The Economist anuncia
que o próximo “Estado falido” seria a Líbia. Próximo? Se eles mesmos
confessam que não há Estado no país, que há dois governos, dois
parlamentos, disputa para ver quem dirige o Banco Central e a companhia
de petróleo; não há polícia nem exército nacional, vários grupos de
milícias disputam o território nacional, a infraestrutura do país está
em ruínas, os poços de petróleo, disputados por varias milícias, estão
sempre com risco iminente de explodir, torturas e execuções proliferam
por todo o lado no país que já foi chamado um dia de Líbia. A Turquia, o
Qatar e o Sudão apoiam um lado, enquanto os Emirados Árabes Unidos e o
Egito apoiam outro. Se isto não é um Estado falido, o que mais seria
necessário para ele seja?
Quem é o responsável pela destruição de um país na região? Já não basta o que acontece no Afeganistão, no Iraque, na Síria?
É preciso recordar que os bombardeios que tiveram como
resultado a destruição da Líbia foram autorizados pelo Conselho de
Segurança da ONU, para “proteger a população civil”, quando já se haviam
desatados combates generalizados pelo poder no país. Valendo-se dessa
decisão e interpretando-a à sua maneira, a Otan bombardeou
sistematicamente o país, não para dar algum tipo de proteção à população
civil – quem pode estar protegido dos bombardeios da Otan? –, mas para
derrubar o governo de Kadafi. Tanto foi assim que, assim que caiu o
regime e foi assassinado de forma vergonhosa o até então chefe de
Estado, massacrado publicamente por milícias, a Otan deu por cumprida
sua missão de “proteção à população civil”. Ao que parece, a ONU pensou
do mesmo jeito, e a Líbia foi entregue a uma brutal guerra civil entre
milícias armadas. Ao mesmo tempo que outros bandos se valem dos
armamentos em mãos dessas milícias para perpetrar atentados em outros
países – como os realizados na Argélia e no Iêmen – e organizar novos
grupos fundamentalistas em toda a região. Não apenas a Líbia não se
estabilizou, como se tornou um foco ativo de desestabilização de vários
países da região.
No período da Guerra Fria, havia zonas de influência das duas
superpotências, mesmo quando havia conflitos graves – como a sangrenta
guerra entre Iraque e Irã –, o conflito não se generalizava ao conjunto
da região, como seria o caso hoje, caso ocorresse um enfrentamento entre
potencias então fortíssimas na região. Terminada a Guerra Fria, com a
vitória do campo ocidental sob a liderança dos EUA, deram-se as
condições para que se impusessem a Pax Americana, já sem limites.
Passávamos de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob a hegemonia
imperial norte-americana.
Desde então passaram a existir modalidades de invasão e
destruição de países, de que Afeganistão e Iraque foram casos iniciais,
mas cujo efeito destruidor se disseminou para países como Líbia, Iêmen,
Síria, com potencial de alastramento para o conjunto da região. Nunca o
panorama foi tão desalentador e sem controle em toda a região, com
perspectivas de maior deterioração, conforme a ação militar e política
dos EUA se intensifica, arrastrando seus aliados – europeus, a América
do Norte, a Oceania – para novas aventuras militares.
Como consequência das desastrosas e belicistas intervenções
lideradas pelos EUA, o Taleban se fortaleceu no Afeganistão, a Al Qaeda
retorna com força, o Estado Islâmico avança no Iraque e na Síria. Como
resposta, os EUA levam seus aliados a se comprometer com a nova ofensiva
militar, que tem como um dos seus efeitos atentados terroristas no
Canadá, na Austrália, agora na França, fazendo com que se estendam como
rastilho de pólvora os riscos em regiões cada vez mais amplas do mundo. E
agora na França, fazendo com que se estenda como rastilho de pólvora os
riscos por todo o mundo.
Essa é a Pax Americana, o mundo prometido pelos EUA vitorioso
na Guerra Fria, à sua imagem e semelhança. Um mundo nunca tão vítima dos
seus tentáculos imperialistas e nunca tão em risco pela multiplicação
dos epicentros de guerra.
Fonte:RedeBrasilAtual
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