Hong Kong, dias atuais
Com milhões
de refugiados chineses, sofrendo com um embargo comercial e com sua
infraestrutura estrangulada, a Hong Kong do início da década de 1950 parecia confirmar
os prognósticos
pessimistas feitos no século XIX.
No entanto,
esta enxurrada de refugiados era composta por milhões de indivíduos que, embora
completamente pobres, fugiram para Hong Kong em busca de liberdade. E embora Hong Kong não possuísse a infraestrutura
adequada para recebê-los, ela fornecia ampla liberdade para qualquer indivíduo que
quisesse colocar seus talentos empreendedoriais em ação.
Não havia
na ilha as mesmas restrições cambiais vigentes no Reino Unido e em grande parte
da Europa — o que significava que o dólar de Hong Kong, que era ancorado à
libra esterlina, era livremente conversível em outras moedas —, e a quantidade
de regulamentações sobre a economia era desprezível.
A
combinação entre mão-de-obra à procura de trabalho e empreendedores com
conhecimento e algum capital oriundos de Xangai — até então a grande cidade
capitalista chinesa — forneceu a matéria-prima para o crescimento industrial
iniciado na década de 1950. A economia
começou a prosperar.
Os
empreendedores de Hong Kong criaram rapidamente um número impressionante de
pequenas e médias empresas durante este período, especialmente no setor
têxtil. Estes empreendimentos, os quais
acabaram se diversificando e se ramificando para setores como vestuário,
plásticos e eletrônicos, produziam principalmente para atender a crescente
demanda da Europa e dos EUA por bens manufaturados e baratos.
Essa rápida
industrialização da década de 1950 foi possível porque ocorreu em condições nas
quais 1) os direitos de propriedade eram respeitados, 2) o poder judiciário era
independente e os tribunais, imparciais, e 3) a interferência econômica das
autoridades coloniais era mínima.
Como o
último governador britânico de Hong Kong, Christopher Patten, escreveu
em seu livro de memórias, East and West, os
refugiados do comunismo que correram para Hong Kong chegaram à única cidade
livre da China; era de fato "a única sociedade chinesa que, por um breve
período de 100 anos, viveu um ideal jamais vivenciado em nenhum outro momento
da história da sociedade chinesa — um ideal em que nenhum homem tinha de viver
com medo de uma batida à porta da sua casa à meia-noite".
Hong Kong
tinha um governo limitado e competente, que se restringia a manter a lei e a
ordem, e a permitir o funcionamento da economia de mercado. Era um governo que honrava completamente a
filosofia confuciana: "Deixe as pessoas locais serem felizes e atraia migrantes
longínquos."
Mais
impressionante ainda foi o fato de que, enquanto o Reino Unido estava criando
um estado altamente intervencionista e assistencialista em casa, sua colônia
desfrutava uma política econômica fundamentalmente de livre mercado.
No entanto,
houve um responsável pela prolongada existência desta política de livre
mercado. Houve uma pessoa que
seguidamente contrariou ordens do governo britânico e, com isso, permitiu a
prosperidade de Hong Kong.
Sir John Cowperthwaite, o homem que
permitiu a prosperidade de Hong Kong
O nome de Sir John
James Cowperthwaite (1915—2006) deveria ocupar
para sempre o topo do panteão dos grandes libertários. Enquanto vários de nós apenas escrevemos
sobre ideias libertárias, este cidadão de fato as transformou em política
pública para milhões de cidadãos.
Cowperthwaite
foi nomeado secretário das finanças de Hong Kong para o período de 1961 a 1971. Escocês e discípulo fiel de Adam Smith, ele
era assumidamente um economista na tradição da Escola de Manchester, ardorosa
defensora do livre comércio.
Na época,
com a Grã-Bretanha indo a passos firmes rumo ao socialismo e ao assistencialismo,
Cowperthwaite permaneceu inflexível: Hong Kong deveria se manter fiel aos
princípios do laissez-faire. Tendo
praticamente controle completo sobre as finanças do governo de Hong Kong, ele
se recusou a impor qualquer tipo de tarifa de importação e sempre insistiu em
manter os impostos no nível mais baixo possível.
Ele era um
liberal-clássico, bem ao estilo dos liberais do século XIX. Era fiel adepto da ideia de que os países
deveriam se abrir unilateralmente para o comércio, sem esperar contrapartidas. Ele já estava em Hong Kong desde 1941,
fazendo parte do Serviço Administrativo Colonial. Com a invasão japonesa, ele foi enviado para
Serra Leoa. Ao voltar para Hong Kong, em
1946, os britânicos lhe pediram para elaborar planos e programas para que o
governo pudesse estimular o crescimento econômico. Cowperthwaite apenas respondeu dizendo que a
economia já estava se recuperando sem nenhuma ordem do governo.
Mais tarde,
ao ser efetivamente nomeado secretário das finanças, em 1961, ele se tornou um
defensor inflexível daquilo que passou a rotular de "não-intervencionismo
positivo" e passou a pessoalmente controlar a política econômica da colônia.
Cowperthwaite
transformou Hong Kong na economia mais livre do mundo. Durante o seu mandato, o livre comércio foi
instituído plenamente, pois Cowperthwaite se recusava a obrigar os cidadãos a
comprar bens caros produzidos localmente se eles podiam simplesmente importar
produtos mais baratos de outros países.
O imposto de renda sempre teve uma alíquota única, de 15%. A total escassez de recursos naturais em Hong Kong — havia
apenas a enseada onde está o porto — e o fato de que a ilha tinha de importar
até mesmo toda a sua comida tornam o sucesso de Hong Kong ainda mais
fascinante.
"Para toda
a nossa economia, é preferível confiarmos na 'mão invisível' do século XIX a
aceitarmos que as canhestras mãos de burocratas manipulem os delicados
mecanismos do mercado", declarou Cowperthwaite em 1962. "Em específico, não podemos deixar que
burocratas danifiquem os principais mecanismos da economia, que são a livre
iniciativa e a livre concorrência".
Ele não
aceitava protecionismo nem para as chamadas "indústrias
infantes": "Uma indústria infante,
quando protegida e mimada, tende a permanecer infante, e jamais irá crescer e
se tornar eficiente". Também acreditava
firmemente que, "no longo prazo, o agregado das decisões individuais dos
empreendedores, exercitando seu juízo individual em uma economia livre, mesmo
cometendo erros, tende a ser bem menos danoso do que as decisões centralizadas
de um governo; e certamente o eventual dano tende a ser contrabalançado mais
rapidamente."
Desde os
dias de John Maynard Keynes, a ciência econômica vem sendo atormentada pela
ideia de que a ação humana deve ser destilada em números, os quais se transformam
em uma "pretensão ao conhecimento" para aspirantes a planejadores
centrais. Nas várias faculdades de
economia atuais é difícil saber quando acaba a matemática e quando começa o
real conhecimento econômico. Para
Cowperthwaite, no entanto, a compilação de estatísticas para planejamento
econômico era um anátema. Ele simplesmente
se recusou a coletá-las. Quando Milton
Friedman lhe questionou, em 1963, a respeito da
"escassez de estatísticas", Cowperthwaite respondeu: "Se eu deixá-los coletar
estatísticas, irão querer utilizá-las para planejar a economia".
Perguntado
qual era a coisa mais premente que os países pobres deveriam fazer,
Cowperthwaite respondeu: "Eles deveriam abolir seus institutos de estatísticas
econômicas". Ele acreditava que, se estatísticas
fossem coletadas em Hong Kong, elas estimulariam o governo britânico
a implantar políticas supostamente corretivas, o que inevitavelmente afetaria a
capacidade da economia de mercado funcionar corretamente. Isso gerou consternação no governo
britânico. Uma delegação de burocratas
foi enviada a Hong Kong para descobrir por que as estatísticas não estavam
sendo coletadas. Cowperthwaite
literalmente mandou-os de volta a Londres no primeiro avião.
O desprezo
de Cowperthwaite pela teoria econômica em voga (keynesianismo) e sua abordagem
não-intervencionista eram garantia de conflitos diários tanto com o governo
britânico quanto com empresários. Os
britânicos haviam elevado a alíquota do imposto de renda em Cingapura; quando
ordenaram a Hong Kong que fizesse o mesmo, Cowperthwaite recusou. Ele era contrário a dar subsídios e a
conceder benefícios especiais para empresas.
Quando um grupo de empresários pediu a ele que providenciasse fundos
para a construção de um túnel através da enseada de Hong Kong, ele respondeu
dizendo que, se o túnel fosse economicamente sensato, o setor privado iria
construí-lo. O túnel foi construído
privadamente.
O legado de Cowperthwaite
Não
obstante sua postura contrária, há estatísticas sobre a Hong Kong daquela
época. Durante sua década como
secretário das finanças, os salários reais subiram 50%, e a fatia da população
vivenda na pobreza extrema caiu de 50 para 15%.
O mais impressionante é que Hong Kong fez tudo isso sem contar com
nenhum outro recurso que não fosse sua população. A colônia não possuía nenhuma terra agrícola e
nenhum recurso natural. E até mesmo o
único recurso que ela possuía — as pessoas — não era exatamente muito
culto. Com efeito, a maior parte da
massa de refugiados que chegou a Hong Kong na década de 1950 seria vista apenas
como um fardo para o estado.
Também
digno de menção é todo o contexto mundial vigente à época. A transformação de Hong Kong ocorreu
exatamente quando os social-democratas controlavam a Europa e quando o
democrata Lyndon Johnson e seu programa da Grande Sociedade dominava a
política americana, o que refletia o consenso entre as elites políticas da
Europa e dos EUA de que assistencialismo e políticas econômicas
intervencionistas eram a única direção sensata para as sociedades
avançadas. Mesmo nos países em
desenvolvimento, políticas econômicas intervencionistas, como a
industrialização por meio da substituição de importações — que se baseava na
imposição de altas tarifas de importação para proteger as indústrias domésticas
— eram a norma.
A pequena
Hong Kong, portanto, conseguiu adotar e manter políticas de livre mercado e de
livre comércio que iam totalmente contra as políticas dos governos britânico,
europeus e americanos, e contra o consenso de economistas desenvolvimentistas
em todo o mundo. E fez tudo isso
enquanto ainda era pobre e estava perigosamente ao lado de uma poderosa e
imperialista ditadura comunista.
É difícil
argumentar contra o sucesso. Após a
aposentadoria de Cowperthwaite, em 1971, sucessores menos adeptos aos seus
princípios se mostraram mais propensos a aumentar os gastos assistencialistas,
mas todos os aumentos foram financiados por meio da venda de terras, e não de
aumento de impostos. As alíquotas
tributárias estão hoje exatamente no mesmo valor em que Sir John James Cowperthwaite
as deixou.
O avanço
As
políticas de livre comércio, de não-intervenção do estado na economia, de
orçamentos governamentais rigidamente equilibrados, de imposto de renda de
pessoa física com alíquota única (15%), de mercado de trabalho bastante
flexível, de livre fluxo de capitais, de não-restrição a investimentos
estrangeiros (estrangeiros podem investir livremente em empresas locais e
também deterem 100% do capital) se mantiveram inalteradas após a saída de
Cowperthwaite.
Esta
política econômica, a qual promoveu a concorrência e o espírito empreendedorial,
criou as condições para o acelerado crescimento econômico vivenciado por Hong
Kong nas décadas seguintes. Entre 1961 e
2012, o PIB real per capita de Hong Kong foi multiplicado por um fator 9. Hoje, o PIB per capita de Hong Kong, em
termos de paridade do poder de compra, é o 7º maior do
mundo.
Ou seja, em
apenas algumas décadas, Hong Kong, sem recursos naturais, sofrendo dos mesmos
problemas enfrentados por todos os outros países em desenvolvimento, e cuja
renda média per capita era de apenas 28% da dos
residentes do Reino Unido, deixou de ser uma favela a céu aberto e se tornou uma
das economias mais ricas do mundo, superando em muito a renda média per capita
de sua metrópole.
De economia industrial a uma economia de
serviços
O primeiro
estágio do desenvolvimento de Hong Kong baseou-se na indústria
manufatureira. No entanto, as reformas
econômicas feitas na China e a política de abertura ao investimento estrangeiro
adotada por Deng Xiaoping a partir de 1978 alteraram profundamente a natureza
da economia de Hong Kong nas décadas seguintes.
O setor
manufatureiro começou a declinar e a perder peso na economia no final de década
de 1970 em decorrência de aumentos nos preços da terra — uma inevitabilidade
para um local tão pequeno e povoado — e nos salários. No entanto, a crescente integração econômica
entre Hong Kong e China permitiu à ilha realocar sua produção para as zonas
econômicas especiais na província adjacente de Guangdong, na China.
Estas
zonas, que foram criadas no início de 1980, ofereceram aos investidores de Hong
Kong a oportunidade de aumentar sua competitividade ao recorrerem a uma
mão-de-obra barata e abundante (chinesa) ao mesmo tempo em que ainda usufruíam
as mesmas condições não-intervencionistas do governo chinês quanto recebiam em Hong Kong. De 1978 a 1997, o comércio
entre Hong Kong e China cresceu a uma taxa média anual de 28%. Ao final de 1997, o investimento direto feito
por Hong Kong representava 80% de todo o investimento
estrangeiro direto em Guangdong.
Estes novos
desenvolvimentos alteraram
significativamente a economia de Hong Kong. A participação da indústria na economia
declinou de 31% em 1980 para 14% em 1997 e 8% em 2008; o setor de serviços, por
outro lado, aumentou sua participação consideravelmente, de 68% em 1980 para
86% em 1997 e 92% em 2008.
Desde 1997,
a economia de Hong Kong se tornou um pólo para serviços de alto valor agregado
(finanças, administração, logística, consultoria empresarial, comércio etc.). Atualmente ela atrai tanto empresas chinesas
que querem entrar no mercado internacional quanto empresas de todo o mundo que
querem ter acesso aos mercados da China e do resto da Ásia.
A manutenção das instituições de livre
mercado
Já no
início da década de 1980, a perspectiva de uma iminente devolução de Hong Kong
à soberania chinesa produziu grande incerteza com relação à manutenção das
instituições que tornaram o território uma região rica e próspera. Esta
preocupação, no entanto, foi rapidamente abrandada.
Na
Declaração Conjunta Sino-Britânica, assinada no dia 9 de dezembro de 1984, foi
estabelecido que Hong Kong deixaria de ser um território sob controle britânico
no dia 1º de julho de 1997. O princípio
do "um país, dois sistemas" também foi acordado nesta data. Com a exceção das relações exteriores e da
defesa nacional, o acordo concedeu ampla autonomia ao território e permitiu a
Hong Kong manter seu sistema capitalista e seu estilo de vida por um período de
50 anos, até 2047.
Hong Kong
hoje é uma Região Administrativa Especial da República Popular da China. Ela preservou o grosso do seu sistema
político, judicial, econômico e financeiro que caracterizou a colônia quando
estava sob controle britânico. O poder
judiciário é independente do poder político e continua a operar sob o sistema
do direito consuetudinário herdado dos britânicos. Os direitos de propriedade são garantidos na
Constituição da Região Administrativa Especial de Hong Kong. Seus cidadãos desfrutam amplas e fundamentais
liberdades individuais.
Conclusão
Em 1960, a
renda média per capita de Hong Kong era de apenas 28% da renda
média per capita da Grã-Bretanha.
Atualmente, é de 140%. Ou seja, de 1960 a 2012, a renda per capita
de Hong Kong deixou de ser de aproximadamente um quarto da da Grã-Bretanha e
passou a ser mais de um terço maior. É
fácil falar destes números. Muito mais
difícil é se dar conta de sua significância.
Compare a
Grã-Bretanha — o berço da Revolução Industrial, a potência econômica do século
XIX em cujo império o sol jamais se punha — a Hong Kong, uma mera restinga de
terra, superpovoada, sem nenhum recurso natural, exceto uma enseada. No entanto, em menos de quatro décadas, os
residentes desta restinga de terra alcançaram um nível de renda um terço maior
do que aquele desfrutado pelos residentes de sua metrópole.
O retorno
de Hong Kong à China era inevitável, assim como era inevitável a determinação
do governo chinês em preservar o capitalismo de Hong Kong. O interesse da China em preservar sua galinha
dos ovos de ouro era claro: a China sempre utilizou Hong Kong — a qual ela
podia atacar e tomar à força a qualquer momento — como um meio de acesso aos
mercados estrangeiros e também como fonte de capital. Houve épocas em que 80% das receitas externas
da China entrava através de Hong Kong. A
China também queria demonstrar a Taiwan que uma reunificação pacífica era
possível.
O perigo
sempre foi o de a liderança chinesa não entender a relação entre o hardware de
Hong Kong (a economia capitalista) e o seu software (uma sociedade
pluralista). É o seu software que
permite que seu hardware funcione tão bem.
Até o momento, os novos governantes de Hong Kong vêm se comprovando notavelmente
aptos a dar continuidade ao funcionamento harmônico entre o hardware e o
software. A grande questão é se isso
permanecerá assim no futuro.
Não foram
apenas os britânicos que fizeram de Hong Kong um sucesso. Foi principalmente a população de Hong Kong,
de operários de fábricas a empreendedores, quem transformou uma ilha estéril em
potência econômica. Essas pessoas foram
capazes de fazer isso porque o governo de Hong Kong, na maior parte do tempo,
as deixou em paz.
Hong Kong está longe de ser
perfeita, e longe de ser um paraíso libertário.
Mas permanece sendo um dramático exemplo de como a genialidade humana e
o talento empreendedorial podem trazer prosperidade a uma sociedade
originalmente pobre.
Por que
Hong Kong sempre foi tão livre? Em
parte, Hong Kong teve a sorte de ser governada por homens que entendiam que sua
função era bastante limitada. Não era
exatamente o ideal liberal-clássico, mesmo sob Cowperthwaite, mas ainda assim foi
a sociedade que mais significativamente se aproximou deste ideal no século
XX. E a combinação entre a incapacidade
do governo britânico em fornecer instituições democráticas e sua falta de
interesse em Hong Kong
permitiu àqueles homens manter suas políticas econômicas, mesmo enquanto sua
própria Grã-Bretanha natal experimentava o desastre econômico do socialismo
light dos anos 1950-70. Hong Kong também
se beneficiou do exemplo das desastrosas políticas econômicas da China na década de 1960. Com tantos residentes chineses fugindo do
comunismo e se refugiando em
Hong Kong, a demanda por liberdade era alta.
Hong Kong é
um dos mais formidáveis e conclusivos exemplos de uma sociedade que teve grande
êxito em fugir do subdesenvolvimento e enriquecer recorrendo à liberdade
econômica. Hong Kong teve sorte em ter
tido essa liberdade. E a sua população
provou que a liberdade funciona.
Fonte:Mises
Fonte:Mises
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