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17 de março de 2013

Gás de folhelho: oportunidade econômica ou risco ambiental?

Gás de xisto
Gás de folhelho: oportunidade econômica ou risco ambiental?
Ilustração mostra a ocorrência de gases no subsolo; técnica de fraturamento hidráulico adota perfurações verticais e horizontais para romper a camada de rocha que libera o gás de folhelho.[Imagem: Total Exploration and Production 2011]
Pesquisadores do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) estão avaliando a possibilidade de exploração do gás de folhelho (shale gas).
O estudo, previsto para terminar neste mês de março, fornecerá à Secretaria Estadual de Energia, a contratante do projeto, subsídios para decidir sobre o possível potencial exploratório desses recursos em duas bacias geológicas no Estado.
O gás de folhelho, também chamado de "gás de xisto", é um dos três tipos de gases não-convencionais cuja ocorrência não está associada a bolsões de gás armazenados a partir das camadas de petróleo.
Ao contrário do gás fóssil convencional, encontrado no Brasil principalmente na plataforma continental, os chamados gases não-convencionais são divididos em "confinado" (tight gas), com ocorrência em rochas impermeáveis ou em rochas de baixa permeabilidade, e o metano associado a camadas de carvão.
Segundo Vilma Alves Campanha, coordenadora do projeto, é incorreto chamar o gás de folhelho de gás de xisto.

"O xisto é uma rocha metamórfica que sofreu grandes transformações geológicas, não possibilitando a geração de gás; o folhelho, por sua vez, é uma rocha sedimentar com grande quantidade de matéria orgânica que dá origem ao gás," explicou.
O objetivo geral do estudo realizado pelo IPT é analisar e sintetizar, em nível de pré-viabilidade técnica, econômica e ambiental, as perspectivas e os desafios para a eventual exploração do gás de folhelho e, em caso afirmativo, obter informações para subsidiar a formulação de políticas setoriais.
Riscos ambientais da exploração de folhelho
"Há várias ocorrências de folhelho; mas é necessário saber se podem conter gás suficiente para o aproveitamento em face de tecnologias extrativas recentemente desenvolvidas no exterior e quais seriam as consequências ao ambiente", afirma o pesquisador Omar Yazbek Bitar.
Essas novas tecnologias de exploração do gás combinam a perfuração direcional com o fraturamento hidráulico do folhelho presente no subsolo, liberando o gás gerado.
"Pretendemos identificar os impactos prováveis tendo em vista nossa realidade ambiental e a possível interação com os aquíferos existentes, conforme indicam experiências de outros países", afirma Omar.
"A lama utilizada na perfuração também preocupa, pois contém produtos químicos perigosos, o que requer o devido equacionamento", completou.
A proteção das águas subterrâneas e a destinação adequada da lama de perfuração devem, portanto, entrar na conta da viabilidade. A interface com as políticas de resíduos sólidos e de recursos hídricos também estão sendo consideradas.
O fraturamento hidráulico (fracking, em inglês) é uma técnica controversa, proibida em vários países, devido ao risco da geração de terremotos.
Não existe ainda nenhum poço desse recurso em operação plena no Brasil, mas algumas estimativas apontam que o País pode ter a segunda reserva mundial de folhelhos, podendo ser o segundo produtor desse gás nas Américas.

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