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14 de dezembro de 2012

Exames descartam infecção em pacientes de Curuçá

Secretário de saúde explica e diz que não é infeção por vírus, nem fungo, nem bactéria. 

O secretário de Estado de Saúde Pública, Helio Franco, informou, nesta quinta-feira (13), em entrevista coletiva, que os servidores e pacientes do Hospital Municipal de Curuçá foram vítimas de intoxicação por tiocianato de amônia, um dos componentes químicos do fixador de radiografia, cuja embalagem danificada permitiu que o líquido vazasse e se espalhasse pelo ambiente hospitalar. Helio explicou que a limpeza inadequada do ambiente, utilizando água sanitária e álcool, fez com que a substância se tornasse volátil e fosse inalada pelas pessoas no hospital. Com os resultados dos exames na mão, Helio Franco afirmou que está totalmente descartada a infecção por vírus, bactéria ou fungo. Os exames em amostras de sangue e urina dos pacientes foram realizados pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), Instituto Evandro Chagas (IEC) e um outro laboratório de fora do Estado. 'Não é vírus, não é fungo, não é bactéria'. 'Trata-se de um episódio restrito ao hospital e não há risco de transmissão de uma pessoa para outra', garantiu. Segundo Helio Franco, o normal é que o organismo humano carregue até 4mg/litro de tiocianato de amônia. Entre os fumantes, essa taxa até dobra. No entanto, as pessoas afetadas em Curuçá não são fumantes e algumas apresentaram taxas elevadas da substância, variando conforme o tempo de exposição ao produto. Também foi informado pelo secretário que a morte da paciente Jhenyffer Roberta Abreu dos Passos, ocorrida na Santa Casa de Misericórdia do Pará, não tem relação com o caso de Curuçá, apesar de ela ter passado por lá. Conforme laudo do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, ela morreu de infecção generalizada, iniciada com uma infecção urinária, o que é comum em mulheres grávidas, mas que pode afetar os rins se não for tratada de forma adequada. Um exame do IEC também apontou que ela estava com dengue. Sobre as vítimas da intoxicação, Helio Franco disse que elas continuarão sendo acompanhadas e recebendo todo apoio da Sespa. 'É importante que sejam monitoradas as suas funções renais, hepáticas e respiratórias', disse. A médica infectologista e epidemiologista Helena Brígido, da Sespa, explicou que no organismo humano o tiocianato de amônia se transforma em cianeto, e retira o ferro da hemoglobina, prejudicando a sua função de oxigenação do organismo, o que justifica os sintomas como falta de ar, sangramentos vaginais e digestivos e formigamento nas mãos e pés. O antídoto do tiocianato é um medicamento injetável chamado Hidroxocobalina. 'O medicamento se liga ao cianeto, impede que ele se fixe e retire o ferro da hemoglobina e é eliminado na urina', explicou Helena. O remédio será utilizado apenas em parte dos 32 pacientes afetados pela intoxicação, principalmente nos que apresentam maiores índices de tiocianato. Os que apresentam índices baixos estão eliminando a substância pela urina. Inicialmente, conforme a médica, os pacientes serão tratados com o medicamento pelo prazo de dez dias e serão reavaliados sobre a necessidade ou não de continuar o tratamento, uma vez que ele também pode gerar efeitos colaterais. Helena ressaltou, por fim, que essas pessoas devem permanecer sob controle e acompanhamento por tempo interditado, para reduzir os riscos de sequelas neurológicas e pulmonares. O secretário Helio Franco informou que o Hospital Municipal de Curuçá foi higienizado por empresa especializada e será reaberto a partir desta quinta-feira, com apoio da Sespa, que providenciou alguns equipamentos, medicamentos e insumos, para melhorar as condições de atendimento. Segundo ele, o hospital precisa ser requalificado, pois sua estrutura atual está fora das normas técnicas da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). O secretário de Saúde aproveitou a oportunidade para orientar que as pessoas evitem fazer limpeza de ambientes, inclusive domésticos, usando diversos produtos químicos, pois não se sabe no que pode resultar a mistura dessas substâncias. Ele sugere que sejam usados apenas água e sabão e que os ambientes sejam mantidos arejados. 'É sempre bom deixar o vento e o sol entrarem, pois, em ambiente seco, as bactérias morrem', informou. Franco alertou, ainda, sobre os cuidados que os profissionais de saúde devem ter com produtos químicos e com o descarte adequado desses produtos, assim como de medicamentos e insumos hospitalares. Por isso, é importante que todos os hospitais tenham Comissões de Controle de Infecção Hospitalar. 'Se o caso de Curuçá tivesse sido imediatamente comunicado à Vigilância Sanitária, as consequências teriam sido menores', observou.
Fonte: Com informações da Agência Pará

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