Arquiteto estava internado desde o dia 2 de novembro |
O arquiteto Oscar Niemeyer, 104 anos, morreu nesta quarta-feira, dia
5, às 21h55, no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde estava
internado desde o dia 2 de novembro. Ele completaria 105 anos neste mês.
O boletim médico divulgado hoje pela instituição médica informava que o arquiteto teve uma piora
por conta de uma infecção respiratória e seu estado de saúde era grave.
De acordo com o hospital, Niemeyer respirava por aparelhos e
encontrava-se sedado por causa da infecção respiratória.
Niemeyer foi internado três vezes neste ano. A primeira em maio,
quando o arquiteto deu entrada no mesmo hospital com desidratação e
pneumonia. Depois de 16 dias internado e passar pela UTI, recebeu alta.
No dia 13 de outubro, o arquiteto voltou à instituição médica após
apresentar um quadro de desidratação, ficando internado por duas
semanas. No dia 2 de novembro, voltou ao hospital seis dias depois de
ter recebido alta com um quadro de desidratação. No dia 19, após uma
nova hemorragia digestiva, o arquiteto foi submetido a tratamento de
hemodiálise e fisioterapia respiratória.
Oscar Niemeyer deixa a esposa, Vera Lúcia Cabreira, e uma filha de outro casamento, Anna Maria.
O arquiteto em 1972 |
O célebre arquiteto Oscar Niemeyer nasceu no Rio de Janeiro no dia 15
de dezembro de 1907, filho de Oscar Niemeyer Soares e Delfina Ribeiro
de Almeida e passou grande parte da vida em uma casa no bairro
Laranjeiras. Em 1928, aos 21 anos, se casou com Annita Baldo,
relacionamento que durou até a morte da mulher, em 2004.
Niemeyer ingressou na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de
Janeiro em 1929 e escolheu a arquitetura por gostar de desenhar desde
criança. No período de estudo, até 1934, conheceu figuras importantes da
arquitetura brasileira, como Hélio Uchôa, Carlos Bittencourt, Milton
Roberto, João Cavalcanti e Fernando Saturnino de Brito.
O arquiteto iniciou sua carreira profissional em 1932, no escritório
de Lucio Costa e Carlos Leão e foi a convite do primeiro que ele
realizou uma viagem a Nova York para participar do projeto Pavilhão
Brasil. A partir daí, Niemeyer se tornou um arquiteto conhecido e
respeitado no mundo inteiro.
Niemeyer recebeu a medalha do Mérito Cultural do ex-presidente Lula em 2007 |
No ano de 1940, conheceu Juscelino Kubistchek, então prefeito de Belo
Horizonte, que o convidou para desempenhar o projeto do Conjunto da
Pampulha. Anos mais tarde, em 1956, depois de JK ser eleito presidente
do Brasil, Niemeyer é convidado para desenvolver o projeto de construção
de Brasília, a nova capital do país.
Durante toda sua carreira, Niemeyer participou de encontros e
exposições de arquitetura e foi convidado a desenvolver projetos em
várias partes do mundo, como a sede da ONU, em Nova York, ao lado de
outros arquitetos de renome. Ele ainda fez projetos na Argélia e na
França, além de criar uma linha de mobiliários.
Niemeyer também foi coordenador da Escola de Arquitetura da
Universidade de Brasília, entre 1962 e 1965, quando deixou o cargo em
protesto contra o Golpe Militar. Membro do Partido Comunista, o
arquiteto logo sai do país e vai morar na França.
Com o tempo, exposições sobre ele e seu trabalho começaram a surgir,
tanto no Brasil como em outras partes do mundo – Nova York, Turim e
Veneza, por exemplo. Além de livros lançados, tanto por ele como sobre
ele. Ao longo de sua carreira, foi condecorado com o Prêmio Prit (Prêmio
Pritzker de Arquitetura), em Chicago, em 1988, e com o Prêmio Príncipe
de Astúrias, na Espanha, em 1989.
Niemeyer deixa 80 anos de carreira como legado a todo o país |
Já em 1996, recebeu o Prêmio Leão de Ouro da Bienal de Veneza e, em
1998, foi agraciado com a Royal Gold Medal, concedida pelo Instituto
Real dos Arquitetos Britânicos (RIBA). Em 2004 foi homenageado com o
Prêmio Imperial, oferecido pela Associação de Arte do Japão. Em 2007,
foi a vez de Lula entregar uma medalha do Mérito Cultural a Niemeyer, em
reconhecimento à sua contribuição para a cultura brasileira. No mesmo
ano, o ilustre arquiteto recebeu o título de Comendador da Ordem
Nacional da Legião de Honra.
Depois de 80 anos de carreira, Oscar Niemeyer deixa sua arquitetura
inconfundível como legado em todo o país, em cidades como Brasília, Belo
Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, entre outras. “Minha
arquitetura não aceita compromissos, que visa à beleza e à invenção, sem
cair em pequenos detalhes, atuando, isto sim, nas próprias estruturas,
nas quais se insere e se exibe desde o primeiro traço”, disse.
Fonte:Pop
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