A seguir, a posição das quatro principais escolas de pensamento econômico a respeito de 17 questões econômicas fundamentais.
Resposta marxista: A propriedade está no
centro das mais severas desigualdades e opressões da civilização moderna. Somente por meio da regulamentação, da
transferência de renda, da redistribuição de riqueza e da propriedade comunal
pode uma sociedade alcançar a igualdade, a justiça e a dignidade humana para
todos.
Resposta keynesiana: A propriedade é um
componente importante do nosso sistema social, mas não faz sentido dizer que há
um "direito" de propriedade. A
propriedade deve estar sempre sujeita a regulamentações e até mesmo a sofrer
modificações em nome do bem comum. O
estado deve intervir para impedir abusos de poder econômico, mesmo que isso
reduza as tradicionais regalias dos proprietários.
Resposta de Chicago: A propriedade é de
importância central para a prosperidade e para o crescimento econômico. Consequentemente, é de suma importância que o
estado — ou, mais abstratamente, a lei — mantenha e, sempre que necessário,
modifique todo o conjunto de direitos de propriedade a fim de melhor alocar os
custos de transação e, com isso, promover o máximo de crescimento e eficiência
econômica. A propriedade não é algo que
surge naturalmente; ela é o produto final do sistema legal.
Resposta austríaca: A propriedade é uma
relação que surge naturalmente entre seres humanas e coisas materiais. A propriedade e os direitos do proprietário
sobre sua propriedade tornam possível o cálculo econômico, permitem uma mais
ampla e mais produtiva divisão do trabalho e, consequentemente, níveis
crescentes de prosperidade. Com efeito,
a civilização em si é inconcebível sem propriedade privada. Qualquer transgressão à propriedade resulta
em perda de liberdade e de prosperidade.
2) O que é o dinheiro e como ele surge?
Resposta marxista: O dinheiro é um
veículo para a exploração do proletariado.
O dinheiro distorce o valor real das coisas. O dinheiro não é nem necessário nem
desejável. Ele é apenas um produto
artificial arbitrário da história. O
progresso social levará a mudanças sociais revolucionárias, dentre as quais a
eliminação do dinheiro. Isto irá acabar
com a exploração e resultará em uma sociedade que tenha por objetivo a
satisfação das necessidades reais, e não os lucros financeiros privados.
Resposta keynesiana: O dinheiro é uma
criatura do estado. Instituições
monetárias sadias requerem planejamento e um banco central. Bancos centrais também podem estabilizar
mercados. Bancos centrais podem
neutralizar as flutuações cíclicas que ocorrem no setor privado expandindo mais
aceleradamente a oferta monetária durante recessões e reduzindo esta expansão
durante os períodos de crescimento econômico.
O controle estatal do dinheiro é o segredo para se bem gerenciar a
economia.
Resposta de Chicago: O dinheiro pode se
originar do escambo, mas interesses privados provavelmente não irão
aperfeiçoá-lo de modo a satisfazer as necessidades de uma economia
moderna. Uma economia tem de ter um
banco central para sustentar o setor financeiro. Esforços para se manipular a economia por
meio de constantes alterações na oferta monetária irão, na melhor das
hipóteses, fracassar; na pior, gerarão severos problemas. As autoridades monetárias não devem aumentar
a oferta monetária arbitrariamente. Elas
devem aumentá-la a uma taxa constante, e que seja correspondente à taxa de
crescimento de longo prazo da economia.
Resposta austríaca: O dinheiro sempre
surge do escambo. Em uma economia de
escambo, é extremamente raro um indivíduo conseguir encontrar uma pessoa que tenha
o desejo de trocar seus bens pela exata quantidade de bens que este indivíduo
esteja portando. Esta dificuldade de
comércio resulta no surgimento de moedas-commodities. Commodities duráveis, facilmente
reconhecíveis, portáveis e divisíveis, como o ouro e a prata, tipicamente assumem
as qualificações de ser o melhor e mais confiável tipo de dinheiro disponível. O dinheiro e as instituições relacionadas a
ele surgem como uma consequência não-premeditada do comércio e do interesse
próprio. A evolução do dinheiro e destas
instituições ocorrerá mais harmoniosamente caso seja deixada a cargo das forças
concorrenciais de mercado que os criaram.
Intervenções estatais irão resultar em inflação e produzir várias outras
distorções.
3) Qual é a origem do valor econômico de um
bem?
Resposta marxista: O valor de uma
mercadoria é igual à quantidade total de trabalho utilizada em sua
produção. Se uma bicicleta possui o mesmo valor de
mercado de, digamos, 500 ovos, então podemos dizer que 1 bicicleta = 500
ovos. Em que consiste esta igualdade? Obviamente, não estamos dizendo
que a
bicicleta é "igual" aos ovos; não estamos dizendo que ambos possuem
propriedades físicas semelhantes. Se examinarmos
a questão cuidadosamente, concluiremos que aquilo que ambos têm em comum
é a
quantidade de trabalho utilizada em sua produção.
Resposta Historicista (não existe uma resposta
propriamente keynesiana para esta pergunta): O valor econômico é uma
questão complexa que não pode ser explicada por meio de fórmulas simples. Para entender por que as pessoas de uma
determinada sociedade valoram algumas coisas mais favoravelmente do que outras,
temos de estudar sua cultura e sua história.
Por exemplo, uma tribo indígena pode ter estimado um determinado animal
como sendo sagrado. Já os europeus
brancos, obviamente, não compartilhavam deste sistema de valores e, por isso,
chacinavam os animais. O mesmo é válido
para um bem ou serviço no mercado.
Resposta de Chicago: O valor de um bem é
determinado pela interdependência entre oferta e demanda, ou por aquilo que
pode ser chamado de interação do custo e da utilidade. Contrariamente a algumas escolas de
pensamento econômico que tentam explicar o valor com base apenas na utilidade,
a abordagem correta é aquela de Alfred Marshall, que percebeu que o valor
econômico se deve tanto às preferências subjetivas quanto às condições
tecnológicas objetivas. Para ver isso
mais claramente, considere que, se os custos de produção de um determinado bem
subirem, seu preço final neste novo equilíbrio terá de ser maior na mesma
proporção.
Resposta austríaca: Objetos físicos como
uma banana ou um automóvel não possuem um valor econômico intrínseco. Ao contrário: somente uma mente humana pode
atribuir valor a estes itens; e somente então podem os economistas classificar
estes itens como sendo bens. Um objeto
só é valioso se houver ao menos um ser humano que acredite que este objeto
poderá ajudar a satisfazer seus desejos subjetivos. Por exemplo, uma determinada raiz que cure o
câncer. Se ninguém souber deste fato,
esta raiz não terá nenhum valor econômico, e as pessoas não trocarão dinheiro
por ela. Consequentemente, o valor é
gerado pelos desejos subjetivos de um indivíduo e por suas crenças quanto às
propriedades causativas de um determinado item.
4) Qual é o método correto de se conduzir
pesquisas na ciência econômica?
Resposta marxista: Para ser científico,
temos de modificar esta tradicional abordagem economicista de ver a sociedade
como sendo nada mais do que uma coleção atomística de indivíduos egoístas. Na realidade, os seres humanos se consideram
parte de um todo social mais amplo. Uma
maneira mais proveitosa de se fazer pesquisas seria estudar os grupos complexos
com os quais as pessoas se identificam, sejam eles divididos por classe, raça
ou sexo. Tal análise iria revelar o
inegável poder dos relacionamentos na sociedade, e forneceria uma compreensão
muito melhor dos eventos econômicos do que os típicos e simplistas modelos
econômicos atuais.
Resposta keynesiana: A pergunta é
enganosa. A economia não pode realmente
ser científica no sentido convencional do termo. Na física, temos "leis" fixas que são as
mesmas para todas as sociedades e para todos os períodos de tempo. Em contraste, não existem leis fixas na
economia. O economista pode estudar um
determinado episódio histórico e concluir que, digamos, o controle dos preços
dos alugueis não alcançou seus objetivos quando foi tentado em Manhattan após a
Segunda Guerra Mundial. No entanto, isso
não significa que esta política não funcionaria na Paris da atualidade. Tudo vai depender de os governantes tomarem o
cuidado de evitar os erros do passado.
Resposta de Chicago: Assim como o
físico, o economista (se ele quiser ser científico) deve construir um modelo
preciso que forneça previsões quantitativas sobre variáveis econômicas, tais
como PIB e desemprego. Ato contínuo, o
economista deve testar estas previsões e compará-las aos dados reais coletados
pelos pesquisadores estatísticos. A todo
e qualquer momento, a melhor "teoria" — ou explicação — para um determinado
fenômeno econômico será aquele modelo que fornecer a melhor aproximação entre
previsões e dados reais coletados.
Resposta austríaca: O economista não
deve imitar o comportamento dos cientistas naturais, pois as ciências sociais
envolvem seres humanos. A ação humana é
caracterizada pelo comportamento intencional, o qual envolve o uso racional
de meios para se alcançar os fins desejados.
Os próprios temas de estudo da ciência econômica — bens de capital,
dinheiro, salários etc. — não são definidos por suas propriedades físicas ou
químicas, mas sim pelas atitudes subjetivas ou mentais dos indivíduos em relação
a estes temas. Consequentemente, o
método adequado para um economista conduzir sua pesquisa é começando com
axiomas autoevidentes — como o de que indivíduos tentam alcançar a maior
satisfação ao menor custo — e deles deduzir conclusões lógicas.
5) Qual é o motivo de existir uma taxa de
juros, e deveria ela ser regulada?
Resposta marxista: "Juros" são apenas um
eufemismo para lucros; um capitalista aufere juros quando ele gasta com
salários e matérias-primas menos do que ele ganha ao vender o produto
final. Esta mais-valia é obtida pela
exploração dos trabalhadores oprimidos que são contratados pelo
capitalista. Sob o sistema capitalista,
baseado em salários, os trabalhadores são pagos o mínimo necessário para a sua
sobrevivência, não obstante o produto total do seu trabalho exceder
substancialmente a compensação que ganham de seus patrões. Sob esse aspecto, o sistema de salários em
nada difere da escravidão tradicional, em que o senhor de engenho se apropria
do produto gerado pelo trabalho exaustivo de seus escravos, e com este fundo
"paga" a eles apenas o suficiente para possibilitar sua simples
sobrevivência. Obviamente, juros são um
componente selvagem das sociedades capitalistas, e irão desaparecer assim que o
sistema de salários for aniquilado.
Resposta keynesiana: Os juros compensam
os investidores por sua perda de liquidez.
A perda de liquidez ocorre quando eles colocam dinheiro em um
empreendimento ou o emprestam por um determinado período de tempo. A
taxa de juros é o preço da liquidez. Os juros são um fenômeno
monetário, e não um
fenômeno "real" (como pensavam os economistas clássicos). A economia
moderna reconhece o papel das
expectativas ou daquilo que pode ser genericamente chamado de "confiança
no
futuro". Por exemplo, se a taxa de juros
salta de 5% para 10%, isso não significa que as pessoas se tornaram mais
imediatistas e mais orientadas para o consumo presente; isso pode
simplesmente
ser um reflexo da uma maior ansiedade a respeito da economia. A
manipulação governamental da taxa de juros
é certamente uma das várias ferramentas necessárias para suavizar as
flutuações
econômicas, mas, por si só, esta medida é relativamente impotente. Se
todos estão temendo uma piora da recessão,
empregadores não irão contratar mais trabalhadores ou construir mais
fábricas,
não importa o quão baixa esteja a taxa de juros.
Resposta de Chicago: Juros são um
retorno sobre o capital; no equilíbrio, a taxa de juros é igual ao produto
marginal do capital. A situação é
perfeitamente análoga ao mercado de trabalho, no qual os salários são iguais ao
produto marginal do trabalho. Há vários
arranjos tecnológicos que irão gerar produtos em diferentes datas futuras, e os
consumidores têm preferências por consumir em diferentes datas futuras. Na margem, o consumo presente será preferível
ao consumo futuro, mas uma unidade extra de capital investido irá gerar um
incremento na produção (disponível no futuro) de modo a fazer com que o
consumidor seja indiferente entre consumir agora ou esperar uma unidade
adicional de tempo para consumir a oferta futura maior possibilitada pela
produtividade do capital.
O governo não
deve interferir nas taxas de juros pelas mesmas razões pelas quais ele não deve
interferir nos salários.
Resposta austríaca: Juros são uma
consequência de um fato apriorístico: tudo o mais constante, o indivíduo
prefere usufruir um bem no presente a usufruir este mesmo bem no futuro. Um bem presente possui um valor maior do que
este mesmo bem no futuro. Ceteris paribus, o indivíduo prefere
consumir hoje a deixar para depois. O
preço atual de um computador pode ser $1.000, mas o preço de uma ordem de
entrega deste mesmo computador para daqui a um ano seria menor do que $1.000 —
seria, por exemplo, $900. Um
empreendedor pode investir $900 em mão-de-obra e materiais com o objetivo de
vender um produto ano que vem por $1.000; este juro implícito de $100 que ele
irá auferir se deve ao fato de que os fatores de produção "representam" hoje os
bens que serão produzidos no futuro e por isso o preço atual destes fatores (os
$900) é menor do que o preço final dos bens produzidos no futuro ($1.000). Para abrir mão de $900 agora, é natural que o
empreendedor espere receber uma soma maior do que $900 no futuro. Obviamente, o governo não tem de interferir
na taxa de juros de mercado, uma vez que ela meramente reflete o bônus
subjetivo que os indivíduos atribuem a um bem presente em relação a um bem
futuro.
6) Qual é o impacto econômico da poupança?
Resposta marxista: A vasta acumulação de
riqueza por determinadas classes e famílias cria uma oligarquia econômica que
exclui aqueles que não conseguem uma posição dentro do sistema econômico. Impostos sobre herança, impostos sobre a
renda, impostos sobre o lucro e impostos sobre dividendos são essenciais para
uma sociedade que preze a igualdade.
Afinal, rendimentos sobre volumosas contas bancárias nada mais são do
que renda imerecida, renda não oriunda do trabalho. Nenhuma sociedade pode tolerar que algumas
pessoas vivam com renda de juros ao passo que todas as outras vivam em total
dificuldade, de contracheque em contracheque, penando para sobreviver apenas
com seus magros salários mínimos.
Resposta keynesiana: Em tempos normais,
poupar não é algo economicamente nocivo; mas em um cenário de recessão, poupar
pode fazer com que a economia entre em uma espiral descendente. Poupar significa reduzir os gastos em consumo,
mas esta poupança pode não se traduzir em gastos em investimentos por causa do
pessimismo dos investidores. Isto irá
reduzir a demanda total da economia e levar ao desemprego. Uma maneira de corrigir isto é expandindo a
oferta monetária para manter as taxas de juros baixas. Tal medida irá sustentar o investimento
privado e estimular o gasto total na economia.
As autoridades fiscais e monetárias têm de implementar políticas que
desestimulem o entesouramento de dinheiro e estimulem os gastos correntes. Quanto à poupança para o ciclo da vida dos
indivíduos, é necessário ter uma rede de seguridade social que irá bancar as
pessoas quando elas estiverem mais velhas.
Resposta de Chicago: Não há
investimentos — e, consequentemente, crescimento econômico — sem
poupança. Por esta razão, o estímulo à
poupança tem de ser uma prioridade econômica.
A inflação desestimula a poupança, e é por isso que uma política
monetária que garanta preços estáveis tem de ser a prioridade de um banco
central. Estudos empíricos mostram que a
poupança ocorre ao longo do ciclo da vida dos indivíduos. Erros de cálculo podem ocorrer, e é por isso
que o governo deve incentivar a previdência privada, um sistema que é mais
eficiente do que a Previdência pública porque gera maiores retornos.
Resposta austríaca: Poupar (que
significa se abster do consumo presente) é essencial para a formação de
capital, mas não há uma proporção socialmente ótima entre consumo e poupança que
deveria predominar em uma sociedade.
Tudo vai depender da preferência temporal dos indivíduos, isto é, da
proporção em que as pessoas preferem bens presentes a bens futuros. Indivíduos podem optar por consumir em vez de
investir ou vice-versa. A intervenção
estatal tem o poder de distorcer estas escolhas, subsidiando ou tributando a
poupança ou o consumo ou ambos. Para que
prevaleça a combinação que melhor reflita as genuínas preferências dos
indivíduos, o governo não pode adotar nenhuma política com relação à poupança,
mesmo para o caso de se poupar para a velhice.
7) Qual deve ser a função e o tamanho
adequado do governo?
Resposta marxista: O mercado é uma arena
em que os poderosos interesses corporativos exploram livremente os
trabalhadores e os consumidores. O
capitalismo empobrece e aliena as massas ao mesmo tempo em que enriquece algumas
poucas elites. Ele também devasta o
ambiente e estimula a violência. Uma
sociedade genuinamente humana aboliria a propriedade privada, exceto para bens
pessoais (por exemplo, roupas e sapatos).
Arranjos comunais na produção e na distribuição de bens gerariam uma
sociedade mais justa, mais feliz e mais realizada para todos.
Resposta keynesiana: Os mercados, além
de serem incapazes de propiciar instituições fundamentais, sofrem de graves e
substanciais imperfeições no que diz respeito à produção de bens e
serviços. Por exemplo, a instabilidade
nos mercados gera crises recorrentes e leva a uma crescente desigualdade. Devemos sim deixar para o mercado a tarefa de
produzir a maior parte dos bens e serviços, mas o governo tem de ter a autoridade
arbitrária para intervir em todos os mercados e corrigir suas falhas
perceptíveis. Desta forma, o estado e o
mercado podem trabalhar em conjunto, seguindo um modelo de parceria
público-privada.
Resposta de Chicago: Os mercados
fornecem todos os bens de capital e de consumo de maneira relativamente
eficiente. No entanto, por várias razões
econômicas e políticas, as transações privadas para serviços e instituições
fundamentais, como justiça, dinheiro e defesa, não podem ser feitas pelo
mercado, que fracassaria fragorosamente nestas tarefas. Não faz nenhum sentido discutir mercados sem
antes conceder a necessidade da existência do estado. O governo tem de existir para fiscalizar e
impingir as "regras do jogo". Sem isso,
a sociedade desanda para o caos. O governo
tem de estabelecer e impor regras básicas para a sociedade, mas sempre evitando
intervenções arbitrárias ou desestabilizadoras nos mercados.
Resposta austríaca: A ordem em uma
sociedade pode emergir das transações voluntárias entre os indivíduos. As pessoas podem voluntariamente incorrer em
transações privadas para obter qualquer coisa que valorizem, inclusive justiça
e segurança. Dado que todas as escolhas
voluntárias envolvem o julgamento subjetivo de situações futuras, cada
indivíduo tem a capacidade de saber quais bens e serviços são os mais adequados
para ele, inclusive serviços como proteção e resolução de disputas. Idealmente, o governo estaria limitado apenas
à proteção dos direitos básicos de cada cidadão; mas o governo, como o
conhecemos, protege apenas seus favoritos e viola os mais básicos direitos de
propriedade do cidadão comum. Todos os
esforços para se limitar os poderes do estado tendem a fracassar. Instituições privadas de segurança e arbitramento
são mais eficientes e morais do que suas congêneres estatais.
8) O que gera crescimento econômico?
Resposta marxista: O processo
capitalista gera crescimento econômico, mas isso é uma falácia lógica. Embora o capitalismo seja o sistema mais
produtivo, a distribuição de riqueza sob o capitalismo é completamente errada e
injusta. Classes inteiras de cidadãos
são deixadas à margem do sistema. Os
capitalistas se aproveitam dos trabalhadores pagando-lhes os salários mais
baixos possíveis em vez de o real valor de sua mão-de-obra. Portanto, o capitalismo produz os bens e os
entrega, mas para as pessoas erradas. É
urgente construirmos uma democracia dos trabalhadores, em que a produtividade
ande de mãos dadas a uma distribuição de renda mais justa.
Resposta keynesiana: A demanda gerada
pelo consumo privado não é o suficiente para gerar crescimento econômico. O gasto privado geral é frequentemente muito
baixo, muito manipulado pelas grandes empresas, e repleto de escolhas que
ignoram as prioridades sociais. Os
consumidores podem estar poupando pouco ou em excesso. Isto faz com que, muitas
vezes, déficits orçamentários do governo sejam necessários para estimular a
economia. Da mesma maneira, o gasto
privado é incapaz de ofertar bens públicos.
O gasto estatal nestas áreas é necessário para o crescimento econômico
— particularmente na educação, na infraestrutura e na pesquisa científica.
Resposta de Chicago: Uma relação
equilibrada entre demanda agregada e oferta agregada é a principal determinante
do crescimento econômico. Dado que os
mercados privados nem sempre podem fornecer tal cenário, ambientes
institucionais estáveis são necessários.
O setor público possui um papel vital em assegurar o crescimento
econômico fornecendo um arcabouço de instituições financeiras e jurídicas. Uma variedade de esforços do setor público,
como baixas taxas de juros e subsídios, podem também ter um papel
positivo. Uma quantidade muito limitada
de regulamentações também se faz necessária, mas isso não é necessariamente
verdade em todos os casos.
Resposta austríaca: A fonte do
crescimento econômico são as trocas voluntárias e mutuamente benéficas entre os
indivíduos. Dentro de uma economia
baseada em transações voluntárias, os consumidores gastam uma parte da sua
renda em bens e serviços com o intuito de satisfazer seus desejos mais
imediatos. Isto estimula a produção
corrente. Simultaneamente, os
consumidores poupam uma parte de sua renda visando a satisfazer, no futuro, seus
desejos que hoje são menos imediatos. Isto sinaliza para os empreendedores como deve
ser a estrutura produtiva voltada para o longo prazo. Esta proporção entre consumo e poupança determina
a estrutura de produção da economia, mostrando quais bens são mais demandados no
presente e quais bens devem ser produzidos para o longo prazo. Este arranjo leva ao desenvolvimento de
mercados de capitais mais sofisticados.
Contratos privados, concorrência nos mercados e instituições privadas
que possibilitam investimentos e acumulação de capital são todo o necessário
para se obter um crescimento econômico ótimo.
9) O que gera os ciclos econômicos?
Resposta marxista: A concorrência
acirrada em virtude de lucros declinantes e de uma crescente monopolização gera
crises cada vez maiores sob o capitalismo.
Os capitalistas investem em máquinas que diminuem a necessidade de
mão-de-obra com o intuito de manter o desemprego alto e os salários
baixos. A concorrência leva a taxas de
lucro declinantes e a recessões. Neste
cenário, alguns capitalistas se darão bem, aumentando sua riqueza em virtude da
aquisição barata do capital de outros capitalistas falidos, o que elevará sua
lucratividade no momento. No entanto, a
tendência inerente ao capitalismo de sempre reduzir as taxas de lucro levará a
mais desemprego e a uma outra depressão.
Resposta keynesiana: As expansões
econômicas começam em um cenário de otimismo excessivo, frequentemente
estimulado por mudanças tecnológicas, o que resulta em um frenesi
especulativo. Em seguida, uma
deficiência no gasto total gera as recessões/depressões. Quanto a poupança total excede o investimento
total, o gasto total com bens sofre uma queda.
Isto reduz a demanda pela mão-de-obra necessária para se produzir estes
bens. Consequentemente, o pessimismo
entre os investidores e empresários leva a uma demanda agregada insuficiente e
a tempos econômicos difíceis.
Resposta de Chicago: Variações na oferta
monetária fazem com que o crescimento do PIB se desvie de sua tendência geral
de longo prazo. Sem estas variações, a
economia se mantém relativamente estável.
Variações na oferta monetária geram expansões econômicas inflacionárias
e recessões. Defasagens no ajuste do
nível dos salários dentro destes ciclos fazem com que estas flutuações
econômicas gerem mudanças significativas nas taxas de desemprego.
Resposta austríaca: A expansão da oferta
monetária reduz artificialmente as taxas de juros. Isto provoca uma acentuada elevação nos
investimentos e nos gastos em
consumo. A redução artificial
dos juros faz com que os empreendedores incorram em investimentos de longo
prazo, pois estes agora se tornaram mais lucrativos, ao mesmo tempo em que
estimula os consumidores a se endividarem mais e a se tornarem mais
imediatistas, mais voltados para o consumo imediato. Disso surge uma descoordenação na
economia. A relação temporal entre
poupança e investimento, produção e consumo, torna-se desarranjada e
descompassada. Os preços sobem. A receita futura esperada pelos investidores
não se concretiza, pois nunca houve um aumento na poupança que possibilitasse uma
maior renda futura dos consumidores. Os
processos de mercado revelam que vários investimentos não apenas não são
lucrativos, como na realidade representam capital investido de maneira errônea
e insustentável. Recursos escassos foram
desperdiçados em projetos cujos retornos foram sobrestimados. Estes investimentos são então liquidados, o
que dá início à recessão.
10) Qual é a política correta para se
combater recessões?
Resposta marxista: As recessões servem
como um lembrete à sociedade de que o laissez-faire é uma política
fracassada. Com todas as recessões, as
autoridades políticas já deveriam ter aprendido que já passou da hora de o
governo domar os especuladores e regular mais severamente as corporações. Mais setores da economia têm de ficar sob
controle público, mesmo que isto signifique a estatização de todo o setor
industrial. Devemos isso às verdadeiras
vítimas dos ciclos econômicos: o proletariado.
Resposta keynesiana: Além das
tradicionais medidas de expansão fiscal e monetária, é essencial que o governo
proteja as indústrias que foram mais duramente atingidas pela recessão. O governo também deveria proteger os
trabalhadores, impedindo que eles sejam demitidos, além de fornecer benefícios
aos desempregados. Os consumidores não
devem poupar, mas sim gastar ainda mais.
Simultaneamente, as empresas deveriam pegar dinheiro emprestado a juros
zero tanto dos bancos quanto do próprio governo. Apenas com estas medidas o equilíbrio
produtivo pode ser restaurado.
Resposta de Chicago: O Banco Central
pode estimular a economia reduzindo as taxas de juros e o governo pode aumentar
a demanda agregada por meio de um aumento temporário dos gastos, mesmo que para
isso tenha de incorrer em déficits orçamentários. Assim que a economia voltar ao normal, o
Banco Central pode permitir que os juros subam e o governo pode restringir seus
gastos.
Resposta austríaca: A recessão é apenas
a revelação de que havia um conjunto de descoordenações e investimentos
errôneos e insustentáveis em toda a economia em decorrência de uma política
monetária expansionista. Trata-se de uma
etapa essencial do ciclo econômico, que irá liquidar os investimentos ruins e
liberar recursos até então imobilizados nestes investimentos, permitindo que
eles agora possam ser utilizados por outros setores da economia. Não apenas o governo não deve combater a
recessão, como deve permitir que ela siga seu curso até o fim, limpando os
investimentos ruins de toda a economia.
Políticas contracíclicas são contraproducentes e logram apenas prolongar
a recessão. Recessões futuras podem ser
impedidas por meio de uma reforma do sistema monetário, que é a real causa dos
ciclos econômicos.
11) Quão viável é o socialismo?
Resposta marxista: O socialismo não
apenas é uma opção eminentemente viável, como é para ele que a história
está
inexoravelmente nos levando. Porém, o
socialismo ainda enfrenta resistências por causa da influência que o
grande
capital exerce sobre os atuais sistemas políticos. Como é possível o
socialismo funcionar? Assim como o planejamento em períodos de
guerra, os planejadores socialistas podem monitorar os estoques de bens e
aumentar (diminuir) os preços quando os estoques diminuírem
(aumentarem), desta
forma ajustando os preços de modo a sempre deixá-los compatíveis com a
demanda
dos consumidores. Os planejadores também
podem ordenar que os administradores das sucursais locais desempenhem de
maneira eficiente suas tarefas, o que fará com que a produção e a
inovação fluam
continuamente. Este tipo de processo de
tentativa e erro conduzido por pessoas de boa vontade pode funcionar
pelo menos
tão bem quanto o mercado, com a vantagem de não ter o custo social
deste. O socialismo não é nenhuma ciência
astronáutica; ele é totalmente viável e pode funcionar melhor do que o
capitalismo.
Resposta keynesiana: O capitalismo é
produtivo, mas os capitalistas, quando deixados livres, colocam os lucros acima
das pessoas, e egoisticamente descontam os interesses dos trabalhadores e dos
consumidores. Em uma sociedade, instituições
como sindicatos, salários mínimos, leis antitruste, leis contra o trabalho
infantil, leis trabalhistas e outras estruturas legais são essenciais para se
solucionar os conflitos entre capitalistas e trabalhadores/consumidores. É essencial que o governo administre alguns
setores, como os de utilidades públicas e a educação, ao passo que empresas
privadas podem cuidar da produção de bens e serviços, desde que sob forte
regulamentação do estado. O fato de
havermos criado estas instituições mostra que aprendemos coisas boas com os
socialistas. Temos de parar de tratar o socialismo
como se fosse algum tipo de bicho-papão.
Resposta de Chicago: A experiência nos
mostra até o momento que o sistema de livre iniciativa tem sido mais produtivo
do que a maioria dos experimentos socialistas já implantados. Isto pode ser por causa da falta de
incentivos para se produzir no socialismo ou por causa da baixa qualidade do
planejamento utilizado. Um mercado
completamente desregulamentado, no entanto, também possui suas deficiências, e
é por isso que ele tem de sofrer interferências em algumas áreas. De qualquer maneira, é fútil tentar recorrer
a alguma teoria geral que nos permita dizer, aprioristicamente, que todos os
planejamentos socialistas fracassarão. A
história nos mostra que algumas formas de planejamento central funcionam muito
bem. Bancos centrais, por exemplo. Um Banco Central incorre em um tipo de
planejamento central, assim como o fazem também os juízes e os reguladores, e
de maneira muito bem sucedida — desde que pessoas competentes estejam no
comando, é claro. A desejabilidade de
uma intervenção estatal para além das funções clássicas do governo — criar e
impor regras — irá depender de quão severas são as imperfeições do mercado em
relação às imperfeições governamentais.
Resposta austríaca: A propriedade
comunal dos meios de produção (por exemplo, das fábricas) impede a existência
de mercados para bens de capital (por exemplo, máquinas). Se não há propriedade privada sobre os meios
de produção, não há um genuíno mercado entre eles. Se não há um mercado entre eles, é impossível
haver a formação de preços legítimos. Se
não há preços, é impossível fazer qualquer cálculo de preços. E sem esse cálculo de preços, é impossível
haver qualquer racionalidade econômica — o que significa que uma economia
planejada é, paradoxalmente, impossível de ser planejada. Sem preços, não há cálculo de lucros e
prejuízos, e consequentemente não há como direcionar o uso de bens da capital
para atender às mais urgentes demandas dos consumidores da maneira menos dispendiosa
possível. Em contraste, a propriedade
privada sobre o capital e a liberdade de trocas resultam na formação de preços (bem
como salários e juros), os quais refletem as preferências dos consumidores e
permitem que o capital seja direcionado para as aplicações mais urgentes, ao
mesmo tempo em que o julgamento empreendedorial tem de lidar constantemente com as contínuas mudanças
nos desejos dos consumidores. O
socialismo, um sistema que na prática requer um estado totalitário, não é uma
opção viável ao capitalismo. Qualquer
passo rumo ao socialismo é um passo rumo à irracionalidade econômica.
12) Qual a relação entre economia e
ambiente?
Resposta marxista: A única solução
definitiva para o problema da poluição e da degradação ambiental é a imposição
de um severo limite sobre o desenvolvimento econômico. Somente assim a qualidade de vida pode ser
preservada. É preciso deixar bem claro
aos capitalistas que damos mais valor à qualidade de vida do que à produção e
aos ganhos materiais. E nem se trata de
uma questão exclusivamente de lucros e pessoas.
O delicado ecossistema tem de ser protegido sob todos os aspectos, desde
a mais ínfima forma de vida até o mais volumoso corpo de água — sem descuidar,
é claro, da atmosfera, que não pode receber gás carbônico. Tudo isso implica a urgente necessidade de se
controlar rigidamente o crescimento populacional.
Resposta keynesiana: A poluição é um
claro exemplo de falha de mercado.
Enquanto as grandes empresas estiverem lucrando, elas tenderão a
utilizar os recursos de maneira excessiva, impondo pesados custos ambientais
sobre todos nós. Quanto aos terrenos
mais valiosos, às florestas antigas e às espécies em risco de extinção, a
tendência é de caça e exploração predatórias, com os capitalistas se
aproveitando do que é valioso e sempre desconsiderando o interesse social da
preservação. É por isso que severas
regulamentações ambientais têm de desempenhar um papel proeminente na proteção
de terras, na preservação de espécies, no controle da poluição, na limpeza do
ar e da água e, principalmente, em policiar e punir as empresas infratoras,
deixando claro que os lucros não podem vir à custa da natureza.
Resposta de Chicago: A maioria das
questões que envolvem o ambiente pode ser resolvida por meio de incentivos de
mercado. Mas os tribunais têm de ser
transparentes ao definirem as fronteiras de cada propriedade para quando os
conflitos surgirem. Questões envolvendo
externalidades podem ser resolvidas por meio de compensações entre os
proprietários envolvidos na disputa, com o veredito sendo imposto por
arbitragem estatal. Quanto à poluição,
ela pode ser minimizada por meio de um mercado para direitos de poluição, e
estes direitos podem ser comercializados de modo que os custos da poluição
recaiam sobre os poluidores. Taxas para
o uso de terras públicas são normalmente estipuladas em níveis muito baixos, o
que acaba estimulando o uso excessivo.
Preços mais altos são o segredo para a conservação.
Resposta austríaca: Praticamente todas
as questões relacionadas ao ambiente envolvem conflitos sobre propriedade. Sempre que houver propriedade privada, os
proprietários podem resolver estes conflitos por meio da proibição e da punição
aos atos de transgressão. O incentivo
para se conservar é uma característica inerente à estrutura de incentivos
criada pelo mercado. O mesmo é válido
para o incentivo de se preservar todas as coisas de valor. A responsabilidade pelos danos à propriedade
alheia tem de ser arcado pelo indivíduo que causou o estrago. Propriedade comunal do ambiente, como existe
hoje, não é a solução. Dado que as
florestas, por exemplo, não são geridas privadamente, a meta de se conseguir
uma administração racional e "verde" sempre será enganosa. Somente quando uma terra tem dono é que este
possui vários incentivos para cuidar muito bem dela. Sua preocupação é com a
produtividade de longo prazo. Assim,
caso ele decida, por exemplo, arrendá-la para uma madeireira, ele vai permitir
a derrubada de um número limitado de árvores, pois não apenas terá de replantar
todas as que ceifou, como também terá de deixar um número suficiente para a safra
do próximo ano.
13) Qual a função dos sindicatos?
Resposta marxista: Os sindicatos, como são formados atualmente, não podem consertar os defeitos do capitalismo. É da própria natureza do capitalismo explorar os trabalhadores. Dado que todo o capital advém do trabalho, os capitalistas têm necessariamente de pagar aos trabalhadores menos do que o real valor de seu trabalho. Caso contrário, os capitalistas deixariam de existir. Os sindicatos não podem mudar isto. A única coisa que pode mudar tudo isto é a abolição do capitalismo e a imposição da propriedade comunal dos meios de produção. Na medida em que os sindicatos representam um movimento de vanguarda com o poder de fazer esta revolução, eles devem ser defendidos e fortalecidos.
Resposta keynesiana: Sindicatos são vitais para uma sociedade livre. Sindicatos funcionam como se fossem um poder compensatório, contrabalançando a influência do grande empresariado. Logo, os sindicatos são necessários para impedir que os trabalhadores sejam explorados pelas grandes corporações. O governo deve apoiar os sindicatos criando leis que asseguram o direito de se organizar e sindicalizar, e normalmente os trabalhadores sempre estão em melhor situação quando há representação sindical.
Resposta de Chicago: Sindicatos são monopolistas, mas podem servir a bons propósitos. Sua função histórica tem sido a de contrabalançar a concentração do poder industrial. Ao mesmo tempo, um domínio sindical excessivo também pode elevar os salários para valores acima do nível de competitividade e, com isso, reduzir o emprego e a produção. Os efeitos dos sindicatos variam de acordo com circunstâncias específicas, de modo que não há base para se formar uma opinião geral quanto aos méritos dos sindicatos. Tudo depende das circunstâncias do tempo e do lugar.
Resposta austríaca: Sindicatos são monopólios trabalhistas porque se beneficiam de privilégios governamentais. Sindicatos têm como objetivo elevar os salários para valores acima dos de livre mercado. Isto reduz as chances de emprego para trabalhadores menos qualificados e de baixa produtividade, reduzindo a produção geral de bens de consumo. Sindicatos grevistas sempre recorrem à coerção — com o apoio do estado — para espoliar a propriedade de seus patrões, impedindo que os meios de produção continuem sendo utilizados por outros trabalhadores "fura-greves". As lideranças sindicais são frequentemente corruptas e se aproveitam enormemente dos próprios trabalhadores sindicalizados, os quais sustentam compulsoriamente seus líderes. Os sindicatos também trabalham para concentrar poder nas mãos de políticos sindicalistas. Esta concentração de poder vai contra os interesses de uma sociedade livre.
14) Os mercados criam e sustentam
monopólios? O que fazer quanto a isso?
Resposta marxista: Se há algo que a história do capitalismo nos mostra perfeitamente é que este sistema leva à concentração das empresas. Com cada vez menos empresas ditando os termos, os resultados são preços cada vez maiores e salários cada vez menores. Sindicatos e regulamentações antitruste já apresentaram algumas medidas bem sucedidas para coibir esta concentração, mas nenhuma destas duas instituições foi longe o bastante para reverter a tendência monopolística do mercado. Temos também de questionar a ideia de que a própria concorrência deveria ser um objetivo político. Muito frequentemente, ela é socialmente destrutiva, não passando de um slogan repetido por monopolistas para justificar seu comportamento explorador. Uma sociedade formada pela cooperação entre todos, uma economia genuinamente democrática, deveria realmente ser o ideal.
Resposta keynesiana: O mercado tende a gerar monopólios de vários tipos e tamanhos. O governo não deve permitir que empresas exercitem seu poder de monopólio ditando preços. Um poder monopolista pode ser detectado por várias fórmulas matemáticas que comparam os custos de produção com o preço do produto final, sempre de acordo com um modelo de concorrência perfeita. Monopólios geográficos podem não ser mais tão importantes quanto já foram, e isso se deve aos avanços na tecnologia dos transportes. No entanto, o que estamos enfrentando hoje é uma variedade de monopólios possibilitados e orientados pela tecnologia, como mostra o exemplo da Microsoft e da Apple. Por isso, os reguladores têm de estar constantemente alertas para empresas que tentam utilizar seu poder de mercado, se enriquecendo à custa dos consumidores. A concorrência necessita de uma rigorosa intervenção do estado.
Resposta de Chicago: A regulação dos monopólios gerou mais malefícios do que benefícios, pois sempre acaba protegendo determinados concorrentes e não a concorrência em si. Alguns tipos de regulação contra cartéis se baseiam em modelos falhos, incapazes de entender que algumas empresas ganham fatias de mercado simplesmente porque seus produtos são desejados pelos consumidores. O que cabe aos reguladores fazer? Como disse Adam Smith, eles deveriam impedir a conspiração empresarial, o comportamento ostensivamente predatório de algumas empresas e, de resto, assegurar um equilíbrio que leve à genuína concorrência. Por fim, vale ressaltar que alguns bens são de melhor qualidade quando fornecidos por monopólios, como justiça e defesa.
Resposta austríaca: Economistas da escola clássica estavam corretos ao definirem um monopólio como sendo um privilégio concedido pelo governo. Afinal, adquirir o privilégio legal de ser um produtor defendido pelo estado é a única maneira de se sustentar um monopólio em um mercado com total liberdade de entrada. Quando não há este privilégio, a precificação predatória não é uma prática que possa ser mantida por muito tempo, e nem mesmo sua tentativa deve ser lamentada, dado que se trata de um grande benefício para os consumidores. Comportamentos típicos de cartel sempre se esfacelam, e quando isso não ocorre, eles servem a uma função de mercado. O termo "preços monopolistas" não possui nenhum significado efetivo em um arranjo de mercado, pois o mercado não é uma simples fotografia instantânea, mas sim vários processos contínuos de mudança. Uma economia de mercado não necessita de nenhuma política antitruste; com efeito, o estado é a própria fonte dos monopólios e oligopólios que testemunhamos atualmente, como os setores judiciário e de segurança, além de todo o setor de utilidades públicas.
15) E bens como ruas, estradas e educação?
Resposta marxista: Frequentemente se afirma que a livre iniciativa é a resposta para os nossos problemas econômicos, e que o governo não é capaz de nos ofertar bens e serviços. Mas o exemplo das escolas, das ruas e das estradas é uma ótima contraposição a esta afirmação. As escolas públicas já educaram, com alta qualidade, milhões de pessoas e as ruas e estradas públicas são a chave para fazer com que a sociedade aberta seja acessível para todos. Com efeito, o sucesso destas instituições abre as porta para as enormes possibilidades disponíveis para uma sociedade que tem a coragem de abandonar o laissez-faire e abraçar a genuína oferta social de todas aquelas coisas que estimamos, mas que os interesses corporativos e a mentalidade estreita dos empresários se recusam a tornar acessíveis para todos.
Resposta keynesiana: Há alguns bens que o mercado não pode ofertar de uma maneira que atenda às necessidades sociais. Escolas privadas são ótimas para aqueles que têm dinheiro, mas uma sociedade democrática tem de ofertar educação para todos. O mesmo raciocínio se aplica para as ruas e estradas, que fazem parte da infraestrutura pública de uma sociedade moderna e que, por isso, não deveriam estar sujeitas às astúcias da livre iniciativa. Mas isso não significa que não haja espaço para reformas. As verbas para a educação são insuficientes e os professores são mal remunerados. As ruas e estradas estão sujeitas a um uso excessivo, o que sempre gera congestionamentos. A solução é direcionar generosas verbas para o sistema de transporte público. Medidas como o compartilhamento de automóveis, mesmo que compulsória, devem ser estimuladas.
Resposta de Chicago: Não há por que discutir se bens como ruas, estradas e educação são necessidades essenciais; ainda assim, o mercado não irá fornecê-los em quantidade suficiente. A única questão pendente, portanto, se refere à administração pública. Há maneiras boas e ruins de o governo ofertar estes serviços. A adoção de incentivos de mercado pode aumentar a eficiência da oferta. A construção e a administração podem ser terceirizadas. Problemas de congestionamento podem ser resolvidos por meio de pedágios ou por outras formas de racionamento de uso. As escolas podem se tornar mais competitivas por meio de vouchers e outros sistemas inovadores de licenciamento governamental voltados para suprir necessidades especiais.
Resposta austríaca: Estes são bens como quaisquer outros — eles podem ser supridos pelo mercado e somente pelo mercado. O estado é incapaz de construir e manter instituições educacionais que passem no teste da racionalidade econômica, pois sempre fará isso sem o benefício da resposta econômica dos consumidores usuários de seus serviços. Em vez de depender de mensalidades voluntariamente pagas pelos consumidores — o que atestaria a qualidade dos serviços —, o estado simplesmente coleta impostos e os gasta arbitrariamente. O mesmo é válido para as ruas e estradas: quantas serão construídas, onde e com que qualidade são decisões que, em última instância, serão tomadas de acordo com meras conveniências políticas. Em uma economia de mercado, a qualidade, a quantidade e os tipos de bens e serviços correspondem às necessidades sociais. Estes bens são serviços que são estimados e apreciados pelos consumidores, o que significa que eles serão ofertados caso seja economicamente factível fazer isso em relação a outras prioridades sociais.
16) Qual o papel da igualdade e da desigualdade?
Resposta marxista: A desigualdade é uma característica intrínseca a uma estrutura social cujo preconceito está arraigado na longa e vergonhosa história da maneira como a sociedade ocidental tratou as mulheres e outras minorias. O impulso preconceituoso, enraizado no espírito da subjugação que deu origem ao capitalismo ocidental, é uma forma de violência e, ainda assim, é parte da corrupta infraestrutura da própria economia de mercado. Se os proprietários do capital forem deixados livres, os grupos excluídos permanecerão perpetuamente excluídos; por isso, a sociedade tem de agir para controlar e restringir os capitalistas. A igualdade plena continuará sendo um sonho distante enquanto tivermos uma sociedade que trata as pessoas como bens que podem ser comprados e vendidos, e enquanto continuarmos colocando a propriedade privada de poucos acima do interesse comum de todos.
Resposta keynesiana: A ênfase moderna dada à igualdade foi o grande avanço político do século passado. Não mais o sistema político e econômico exclui a participação das mulheres e das minorias; ao contrário, as inclui como questão de lei. Estes grupos tendem a ser artificialmente subvalorizados pela "mão invisível" do mercado, e é por isso que o governo tem de impor leis antidiscriminação e a favor de cotas. O estado de bem-estar social também beneficiou a sociedade ao garantir que os benefícios gerados pela crescente riqueza fossem redistribuídos por toda a sociedade, de modo a impedir que os ricos se tornem mais ricos à custa dos pobres. Já avançamos bastante, mas ainda há muito mais a ser feito.
Resposta de Chicago: É um grande erro fazer com que a igualdade de resultados seja um objetivo político, pois legislações igualitaristas podem destruir os incentivos para o aprimoramento. Punir os ricos é uma medida autodestrutiva, mesmo para os pobres que estão batalhando para se manter. A igualdade de oportunidades, no entanto, já é diferente. É algo que todos merecem em decorrência de sua própria dignidade como ser humano. Por isso, uma nação deve se esforçar para ter instituições educacionais de qualidade, instituir um limitado imposto sobre heranças e, de resto, auxiliar a todos aqueles que, sem nenhuma culpa própria, não possuem os meios de entrada na divisão do trabalho. Tão logo estas instituições estiverem criadas, iremos descobrir que as forças da concorrência do mercado alcançarão os objetivos igualitários através de meios predominantemente voluntários.
Resposta austríaca: A igualdade é um termo que se relaciona adequadamente à matemática, e não às ciências sociais. Os seres humanos são desiguais em seus dotes, oportunidades, ambições e vontade de conquista. Desigual não significa inferior ou superior; significa apenas diferente. Diferenças são a exata origem da divisão do trabalho e, dentro de um arranjo de mercado, não levam a nenhum conflito, mas sim à cooperação. Embora as diferenças devam ser celebradas, proprietários de estabelecimentos têm todo o direito de tratar as pessoas desigualmente, escolhendo quem irão contratar e quem pode e quem não pode frequentar seu estabelecimento. (Afinal, seria correto obrigar um negro dono de um bar a aceitar a presença de neonazistas em seu estabelecimento?). São os proprietários que devem arcar com as consequências de seus atos. Legisladores não deveriam ter qualquer preocupação em tentar criar nem igualdade de resultados e nem igualdade de oportunidades, seja entre indivíduos ou entre grupos de indivíduos classificados de acordo com qualquer critério. O único lugar em que cabe a igualdade é na aplicação da lei, a qual deveria tratar todos os indivíduos da mesma maneira, sem qualquer consideração com seu gênero, cor, preferência sexual ou classe social.
17) Quem melhor serve à sociedade?
Resposta marxista: O capitalismo serve aos empresários e os empresários servem a si mesmos. O sistema é totalmente baseado na exploração dos consumidores e dos trabalhadores. A única solução para estes problemas é abolir o capitalismo e, com ele, a classe capitalista dos empresários. Uma sociedade genuinamente democrática ou socialista irá acabar com as tendências exploradoras. As pessoas não mais irão almejar o lucro privado porque os lucros privados não mais existirão. As pessoas terão melhores motivações e serão dotados de maior espírito público sob o socialismo. Os líderes da futura sociedade socialista promoverão o bem comum.
Resposta keynesiana: Legisladores e especialistas em políticas públicas, sob a orientação de uma variedade de grupos de aconselhamento, têm o interesse público em mente quando formulam e executam suas políticas. Eles são capazes e têm o desejo de melhorar o bem-estar da sociedade. Empresários buscam o lucro e se importam muito pouco com o bem-estar geral do povo. Eles servem ao interesse público apenas na medida em que obtêm lucros nesse processo. Dados os numerosos e severos defeitos na maneira como os mercados funcionam, líderes públicos bem informados têm de trabalhar para aperfeiçoar o bem-estar público — um projeto viável desde que limitemos a influência dos interesses corporativos sobre a política.
Resposta de Chicago: Políticos buscam seus próprios interesses, mas a competição política e o processo de políticas públicas fazem com que eles de certa forma acabem também servindo ao público. Empreendedores também servem ao público de certa forma, pois é assim que obtêm lucros. A questão sobre se são os líderes cívicos ou os empreendedores quem melhor serve ao público ainda está em aberto. Tudo depende das circunstâncias específicas da época e do local. A sociedade democrática já se mostrou capaz de resolver questões de gestão social ao longo do tempo.
Resposta austríaca: Empreendedores possuem um papel indispensável para uma sociedade. Empreendedores estão sempre alertas para as oportunidades de lucro e estão sempre fazendo julgamentos acerca das demandas futuras. A concorrência em relação a estas oportunidades resulta em um sistema de lucros e prejuízos que gera preços para a mão-de-obra e para o capital. Esta concorrência direciona recursos para a satisfação das mais urgentes necessidades dos consumidores. Políticos bem-sucedidos são aqueles que possuem maior capacidade para conservar e exercer poder político. Estes são tipicamente os elementos mais inescrupulosos da nossa sociedade.
Fonte:Mises
Resposta marxista: Se há algo que a história do capitalismo nos mostra perfeitamente é que este sistema leva à concentração das empresas. Com cada vez menos empresas ditando os termos, os resultados são preços cada vez maiores e salários cada vez menores. Sindicatos e regulamentações antitruste já apresentaram algumas medidas bem sucedidas para coibir esta concentração, mas nenhuma destas duas instituições foi longe o bastante para reverter a tendência monopolística do mercado. Temos também de questionar a ideia de que a própria concorrência deveria ser um objetivo político. Muito frequentemente, ela é socialmente destrutiva, não passando de um slogan repetido por monopolistas para justificar seu comportamento explorador. Uma sociedade formada pela cooperação entre todos, uma economia genuinamente democrática, deveria realmente ser o ideal.
Resposta keynesiana: O mercado tende a gerar monopólios de vários tipos e tamanhos. O governo não deve permitir que empresas exercitem seu poder de monopólio ditando preços. Um poder monopolista pode ser detectado por várias fórmulas matemáticas que comparam os custos de produção com o preço do produto final, sempre de acordo com um modelo de concorrência perfeita. Monopólios geográficos podem não ser mais tão importantes quanto já foram, e isso se deve aos avanços na tecnologia dos transportes. No entanto, o que estamos enfrentando hoje é uma variedade de monopólios possibilitados e orientados pela tecnologia, como mostra o exemplo da Microsoft e da Apple. Por isso, os reguladores têm de estar constantemente alertas para empresas que tentam utilizar seu poder de mercado, se enriquecendo à custa dos consumidores. A concorrência necessita de uma rigorosa intervenção do estado.
Resposta de Chicago: A regulação dos monopólios gerou mais malefícios do que benefícios, pois sempre acaba protegendo determinados concorrentes e não a concorrência em si. Alguns tipos de regulação contra cartéis se baseiam em modelos falhos, incapazes de entender que algumas empresas ganham fatias de mercado simplesmente porque seus produtos são desejados pelos consumidores. O que cabe aos reguladores fazer? Como disse Adam Smith, eles deveriam impedir a conspiração empresarial, o comportamento ostensivamente predatório de algumas empresas e, de resto, assegurar um equilíbrio que leve à genuína concorrência. Por fim, vale ressaltar que alguns bens são de melhor qualidade quando fornecidos por monopólios, como justiça e defesa.
Resposta austríaca: Economistas da escola clássica estavam corretos ao definirem um monopólio como sendo um privilégio concedido pelo governo. Afinal, adquirir o privilégio legal de ser um produtor defendido pelo estado é a única maneira de se sustentar um monopólio em um mercado com total liberdade de entrada. Quando não há este privilégio, a precificação predatória não é uma prática que possa ser mantida por muito tempo, e nem mesmo sua tentativa deve ser lamentada, dado que se trata de um grande benefício para os consumidores. Comportamentos típicos de cartel sempre se esfacelam, e quando isso não ocorre, eles servem a uma função de mercado. O termo "preços monopolistas" não possui nenhum significado efetivo em um arranjo de mercado, pois o mercado não é uma simples fotografia instantânea, mas sim vários processos contínuos de mudança. Uma economia de mercado não necessita de nenhuma política antitruste; com efeito, o estado é a própria fonte dos monopólios e oligopólios que testemunhamos atualmente, como os setores judiciário e de segurança, além de todo o setor de utilidades públicas.
15) E bens como ruas, estradas e educação?
Resposta marxista: Frequentemente se afirma que a livre iniciativa é a resposta para os nossos problemas econômicos, e que o governo não é capaz de nos ofertar bens e serviços. Mas o exemplo das escolas, das ruas e das estradas é uma ótima contraposição a esta afirmação. As escolas públicas já educaram, com alta qualidade, milhões de pessoas e as ruas e estradas públicas são a chave para fazer com que a sociedade aberta seja acessível para todos. Com efeito, o sucesso destas instituições abre as porta para as enormes possibilidades disponíveis para uma sociedade que tem a coragem de abandonar o laissez-faire e abraçar a genuína oferta social de todas aquelas coisas que estimamos, mas que os interesses corporativos e a mentalidade estreita dos empresários se recusam a tornar acessíveis para todos.
Resposta keynesiana: Há alguns bens que o mercado não pode ofertar de uma maneira que atenda às necessidades sociais. Escolas privadas são ótimas para aqueles que têm dinheiro, mas uma sociedade democrática tem de ofertar educação para todos. O mesmo raciocínio se aplica para as ruas e estradas, que fazem parte da infraestrutura pública de uma sociedade moderna e que, por isso, não deveriam estar sujeitas às astúcias da livre iniciativa. Mas isso não significa que não haja espaço para reformas. As verbas para a educação são insuficientes e os professores são mal remunerados. As ruas e estradas estão sujeitas a um uso excessivo, o que sempre gera congestionamentos. A solução é direcionar generosas verbas para o sistema de transporte público. Medidas como o compartilhamento de automóveis, mesmo que compulsória, devem ser estimuladas.
Resposta de Chicago: Não há por que discutir se bens como ruas, estradas e educação são necessidades essenciais; ainda assim, o mercado não irá fornecê-los em quantidade suficiente. A única questão pendente, portanto, se refere à administração pública. Há maneiras boas e ruins de o governo ofertar estes serviços. A adoção de incentivos de mercado pode aumentar a eficiência da oferta. A construção e a administração podem ser terceirizadas. Problemas de congestionamento podem ser resolvidos por meio de pedágios ou por outras formas de racionamento de uso. As escolas podem se tornar mais competitivas por meio de vouchers e outros sistemas inovadores de licenciamento governamental voltados para suprir necessidades especiais.
Resposta austríaca: Estes são bens como quaisquer outros — eles podem ser supridos pelo mercado e somente pelo mercado. O estado é incapaz de construir e manter instituições educacionais que passem no teste da racionalidade econômica, pois sempre fará isso sem o benefício da resposta econômica dos consumidores usuários de seus serviços. Em vez de depender de mensalidades voluntariamente pagas pelos consumidores — o que atestaria a qualidade dos serviços —, o estado simplesmente coleta impostos e os gasta arbitrariamente. O mesmo é válido para as ruas e estradas: quantas serão construídas, onde e com que qualidade são decisões que, em última instância, serão tomadas de acordo com meras conveniências políticas. Em uma economia de mercado, a qualidade, a quantidade e os tipos de bens e serviços correspondem às necessidades sociais. Estes bens são serviços que são estimados e apreciados pelos consumidores, o que significa que eles serão ofertados caso seja economicamente factível fazer isso em relação a outras prioridades sociais.
16) Qual o papel da igualdade e da desigualdade?
Resposta marxista: A desigualdade é uma característica intrínseca a uma estrutura social cujo preconceito está arraigado na longa e vergonhosa história da maneira como a sociedade ocidental tratou as mulheres e outras minorias. O impulso preconceituoso, enraizado no espírito da subjugação que deu origem ao capitalismo ocidental, é uma forma de violência e, ainda assim, é parte da corrupta infraestrutura da própria economia de mercado. Se os proprietários do capital forem deixados livres, os grupos excluídos permanecerão perpetuamente excluídos; por isso, a sociedade tem de agir para controlar e restringir os capitalistas. A igualdade plena continuará sendo um sonho distante enquanto tivermos uma sociedade que trata as pessoas como bens que podem ser comprados e vendidos, e enquanto continuarmos colocando a propriedade privada de poucos acima do interesse comum de todos.
Resposta keynesiana: A ênfase moderna dada à igualdade foi o grande avanço político do século passado. Não mais o sistema político e econômico exclui a participação das mulheres e das minorias; ao contrário, as inclui como questão de lei. Estes grupos tendem a ser artificialmente subvalorizados pela "mão invisível" do mercado, e é por isso que o governo tem de impor leis antidiscriminação e a favor de cotas. O estado de bem-estar social também beneficiou a sociedade ao garantir que os benefícios gerados pela crescente riqueza fossem redistribuídos por toda a sociedade, de modo a impedir que os ricos se tornem mais ricos à custa dos pobres. Já avançamos bastante, mas ainda há muito mais a ser feito.
Resposta de Chicago: É um grande erro fazer com que a igualdade de resultados seja um objetivo político, pois legislações igualitaristas podem destruir os incentivos para o aprimoramento. Punir os ricos é uma medida autodestrutiva, mesmo para os pobres que estão batalhando para se manter. A igualdade de oportunidades, no entanto, já é diferente. É algo que todos merecem em decorrência de sua própria dignidade como ser humano. Por isso, uma nação deve se esforçar para ter instituições educacionais de qualidade, instituir um limitado imposto sobre heranças e, de resto, auxiliar a todos aqueles que, sem nenhuma culpa própria, não possuem os meios de entrada na divisão do trabalho. Tão logo estas instituições estiverem criadas, iremos descobrir que as forças da concorrência do mercado alcançarão os objetivos igualitários através de meios predominantemente voluntários.
Resposta austríaca: A igualdade é um termo que se relaciona adequadamente à matemática, e não às ciências sociais. Os seres humanos são desiguais em seus dotes, oportunidades, ambições e vontade de conquista. Desigual não significa inferior ou superior; significa apenas diferente. Diferenças são a exata origem da divisão do trabalho e, dentro de um arranjo de mercado, não levam a nenhum conflito, mas sim à cooperação. Embora as diferenças devam ser celebradas, proprietários de estabelecimentos têm todo o direito de tratar as pessoas desigualmente, escolhendo quem irão contratar e quem pode e quem não pode frequentar seu estabelecimento. (Afinal, seria correto obrigar um negro dono de um bar a aceitar a presença de neonazistas em seu estabelecimento?). São os proprietários que devem arcar com as consequências de seus atos. Legisladores não deveriam ter qualquer preocupação em tentar criar nem igualdade de resultados e nem igualdade de oportunidades, seja entre indivíduos ou entre grupos de indivíduos classificados de acordo com qualquer critério. O único lugar em que cabe a igualdade é na aplicação da lei, a qual deveria tratar todos os indivíduos da mesma maneira, sem qualquer consideração com seu gênero, cor, preferência sexual ou classe social.
17) Quem melhor serve à sociedade?
Resposta marxista: O capitalismo serve aos empresários e os empresários servem a si mesmos. O sistema é totalmente baseado na exploração dos consumidores e dos trabalhadores. A única solução para estes problemas é abolir o capitalismo e, com ele, a classe capitalista dos empresários. Uma sociedade genuinamente democrática ou socialista irá acabar com as tendências exploradoras. As pessoas não mais irão almejar o lucro privado porque os lucros privados não mais existirão. As pessoas terão melhores motivações e serão dotados de maior espírito público sob o socialismo. Os líderes da futura sociedade socialista promoverão o bem comum.
Resposta keynesiana: Legisladores e especialistas em políticas públicas, sob a orientação de uma variedade de grupos de aconselhamento, têm o interesse público em mente quando formulam e executam suas políticas. Eles são capazes e têm o desejo de melhorar o bem-estar da sociedade. Empresários buscam o lucro e se importam muito pouco com o bem-estar geral do povo. Eles servem ao interesse público apenas na medida em que obtêm lucros nesse processo. Dados os numerosos e severos defeitos na maneira como os mercados funcionam, líderes públicos bem informados têm de trabalhar para aperfeiçoar o bem-estar público — um projeto viável desde que limitemos a influência dos interesses corporativos sobre a política.
Resposta de Chicago: Políticos buscam seus próprios interesses, mas a competição política e o processo de políticas públicas fazem com que eles de certa forma acabem também servindo ao público. Empreendedores também servem ao público de certa forma, pois é assim que obtêm lucros. A questão sobre se são os líderes cívicos ou os empreendedores quem melhor serve ao público ainda está em aberto. Tudo depende das circunstâncias específicas da época e do local. A sociedade democrática já se mostrou capaz de resolver questões de gestão social ao longo do tempo.
Resposta austríaca: Empreendedores possuem um papel indispensável para uma sociedade. Empreendedores estão sempre alertas para as oportunidades de lucro e estão sempre fazendo julgamentos acerca das demandas futuras. A concorrência em relação a estas oportunidades resulta em um sistema de lucros e prejuízos que gera preços para a mão-de-obra e para o capital. Esta concorrência direciona recursos para a satisfação das mais urgentes necessidades dos consumidores. Políticos bem-sucedidos são aqueles que possuem maior capacidade para conservar e exercer poder político. Estes são tipicamente os elementos mais inescrupulosos da nossa sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário