Estudo do Instituto Trata Brasil nos cem municípios mais populosos do País aponta lento avanço na oferta de saneamento
As cem maiores cidades do País tratam 38,5% de seu esgoto, o
que significa mais de 3,2 bilhões de m³ sem tratamento sendo jogados na
natureza (volume de 3,5 mil piscinas olímpicas/dia). Os dados são do
ranking do Instituto Trata Brasil, que avalia, anualmente, a situação do
saneamento básico nos municípios mais populosos do País, onde vivem 40%
da população.
Na quinta edição, o levantamento
permite fazer uma estimativa para o futuro. "O histórico mostra que a
oferta dos serviços vem avançando muito lentamente e, se esse ritmo se
mantiver, não será possível atingir a universalização estipulada pelo
governo em 20 anos", afirma Édison Carlos, presidente executivo do Trata
Brasil.
Ele se refere à meta do Plano Nacional
de Saneamento Básico, lançado em junho deste ano, que prevê
investimentos de R$ 300 bilhões para que todo o País tenha água e esgoto
tratados. "Isso dá cerca de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões por ano.
Hoje, os investimentos estão em torno de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões",
diz.
O ranking, que traz dados de 2011 do
Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das
Cidades, aponta que o melhor indicador é o de recebimento de água
tratada - 92,2% da população das cem maiores cidades tem esse serviço,
ante uma média do País de 82,4%. Esse serviço cresceu 2,2 pontos
porcentuais desde o primeiro levantamento, referente à situação de 2007.
A
coleta de esgoto ocorre para 61,4% da população desses municípios, ante
48,1% da média nacional, com crescimento de 2,4 pontos porcentuais. O
tratamento cresceu 2,5 pontos porcentuais ao longo de cinco anos,
chegando aos 38,5%. A média para o País é de 37,5%.
O
levantamento analisou ainda a eficiência no processo de fornecimento da
água. A média de perdas financeiras para os cem municípios foi de
40,08%. Nesse quesito, a perda em 2011 foi 5 pontos porcentuais menor do
que a ocorrida em 2007.
Segundo Carlos, o
lento avanço ocorre principalmente por falta de organização. "Mesmo
quando há dinheiro, vimos um baixo nível de execução das obras. O setor
ficou 20 anos sem receber investimento, perdeu a capacidade de fazer
bons projetos de saneamento."
Para ele, há
ainda um certo desinteresse político nesse tipo de investimento. "É uma
obra enterrada. Político se anima mais com obra visível, como posto de
saúde, que trata de um problema que seria eliminado com o saneamento."
Fonte: Estadão Conteúdo
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