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2 de outubro de 2013

Maiores cidades do País tratam somente 38,5% do esgoto

Estudo do Instituto Trata Brasil nos cem municípios mais populosos do País aponta lento avanço na oferta de saneamento

 
As cem maiores cidades do País tratam 38,5% de seu esgoto, o que significa mais de 3,2 bilhões de m³ sem tratamento sendo jogados na natureza (volume de 3,5 mil piscinas olímpicas/dia). Os dados são do ranking do Instituto Trata Brasil, que avalia, anualmente, a situação do saneamento básico nos municípios mais populosos do País, onde vivem 40% da população.

Na quinta edição, o levantamento permite fazer uma estimativa para o futuro. "O histórico mostra que a oferta dos serviços vem avançando muito lentamente e, se esse ritmo se mantiver, não será possível atingir a universalização estipulada pelo governo em 20 anos", afirma Édison Carlos, presidente executivo do Trata Brasil.

Ele se refere à meta do Plano Nacional de Saneamento Básico, lançado em junho deste ano, que prevê investimentos de R$ 300 bilhões para que todo o País tenha água e esgoto tratados. "Isso dá cerca de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões por ano. Hoje, os investimentos estão em torno de R$ 8 bilhões a R$ 9 bilhões", diz.

O ranking, que traz dados de 2011 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento do Ministério das Cidades, aponta que o melhor indicador é o de recebimento de água tratada - 92,2% da população das cem maiores cidades tem esse serviço, ante uma média do País de 82,4%. Esse serviço cresceu 2,2 pontos porcentuais desde o primeiro levantamento, referente à situação de 2007.

A coleta de esgoto ocorre para 61,4% da população desses municípios, ante 48,1% da média nacional, com crescimento de 2,4 pontos porcentuais. O tratamento cresceu 2,5 pontos porcentuais ao longo de cinco anos, chegando aos 38,5%. A média para o País é de 37,5%.

O levantamento analisou ainda a eficiência no processo de fornecimento da água. A média de perdas financeiras para os cem municípios foi de 40,08%. Nesse quesito, a perda em 2011 foi 5 pontos porcentuais menor do que a ocorrida em 2007.

Segundo Carlos, o lento avanço ocorre principalmente por falta de organização. "Mesmo quando há dinheiro, vimos um baixo nível de execução das obras. O setor ficou 20 anos sem receber investimento, perdeu a capacidade de fazer bons projetos de saneamento."

Para ele, há ainda um certo desinteresse político nesse tipo de investimento. "É uma obra enterrada. Político se anima mais com obra visível, como posto de saúde, que trata de um problema que seria eliminado com o saneamento."
Fonte: Estadão Conteúdo

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