Ministério Público condena decisão da Aneel que isentou concessionária de pagamentos
Após
a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ter perdoado a Celpa de
pagar indenizações a consumidores por conta de interrupções no
fornecimento de energia, o Ministério Público Federal no Pará pediu a
anulação da decisão.
Segundo investigações, o perdão das dívidas, que abrange os pagamentos
de 2012 a agosto de 2015, pode representar um calote de R$ 300 milhões
aos paraenses. A ação é assinada pelo Procurador Regional dos Direitos
do Cidadão, Alan Rogério Mansur Silva, e foi ajuizada na sexta-feira
(23).
O MPF solicitou à Justiça que a suspensão do perdão seja imediata. O
caso será julgado pela 1ª Vara Federal em Belém, cuja titular é a juíza
Carina Catia Bastos de Senna.
A decisão da Aneel foi publicada em nota técnica datada de 26 de outubro (veja a íntegra),
a partir de pedido da Equatorial Energia, empresa que adquiriu a Celpa.
Segundo a Equatorial, a empresa precisa do perdão das dívidas para
poder fazer investimentos na distribuidora e porque, teoricamente, os R$
300 milhões serão aplicados na empresa, o consumidor não sairá
prejudicado.
'Investir na melhoria dos serviços é uma obrigação da concessionária e
não um favor', critica Mansur Silva na ação. 'Não sendo paga tal
contrapartida devida aos consumidores, esta prática se tornará um
verdadeiro 'calote' ao consumidor, justamente a parte frágil da relação
de consumo e que necessita de serviços de boa qualidade para viver
plenamente sem prejuízos de ordem financeira e moral', denuncia o
procurador da República na ação.
Direto na fatura - A
necessidade de pagamento de compensações financeiras por interrupções no
fornecimento de energia é estabelecida por critérios técnicos da Aneel.
Quando o número de interrupções é maior que o estabelecido como limite
mínimo de qualidade, a distribuidora deve compensar financeiramente os
consumidores. A compensação deve ser automática e ser paga em até dois
meses após o mês em que houve a interrupção, como um desconto na conta.
Em 2011, por exemplo, houve compensações de R$ 385 milhões em todo o
país, sendo que 23% desse total, ou seja R$ 88 milhões, foram pagos pela
Celpa a consumidores paraenses, os que mais receberam indenizações em
todo o país. Apesar de serem os consumidores mais prejudicados, os
paraenses são os únicos que ficarão sem receber indenizações caso a
decisão da Aneel seja mantida.
'O perdão das dívidas faz com que o consumidor acabe sendo penalizado
pelos problemas na gestão da Celpa e pela falta de fiscalização da
empresa pela Aneel', diz o procurador Alan Mansur.
Com informações do MPF-Pará
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