Sandra Bullock como a Dra. Ryan Stone em "Gravidade" |
Antes que você se limite a ler o título e correr para a caixa de
comentários para xingar até a minha oitava geração, em ambas as direções
na árvore genealógica, te peço calma. Não estou dizendo que "Gravidade" é o melhor filme de 2013, apesar de afirmar categoricamente que é um dos melhores.
E se você sacar da cartola produções como "O Som ao Redor", "Anna Karenina" e "Django Livre" e dizer que são melhores narrativas, pode até ter um bocado de razão. Ou, por outro lado, se vier com "Homem de Aço", "Além da Escuridão - Star Trek" ou "Thor: Mundo Sombrio" com o argumento de serem mais divertidos, também poderá ter lá sua parcela de razão.
Mas veja: não é isso que estou dizendo. O que estou dizendo é que "Gravidade" é o filme mais importante de 2013.
Não o melhor, necessariamente. Mas sim o filme que fará (provavelmente)
2013 ser lembrado na história do cinema. Isso porque foi o único que
levou a tecnologia cinematográfica a um limite estético em pleno acordo
com a necessidade narrativa. Ou, simplificando: é como se "Avatar"
tivesse um roteiro decente.
A ausência de gravidade é um dos grandes marcos |
O ponto é que mesmo as grandes produções de 2013, com seus orçamentos
inchados e toneladas de efeitos especiais e explosões, perdem muito
pouco quando são vistos em casa, em uma boa televisão. Mesmo o 3D que,
por culpa dos produtores que insistem em incluir a tecnologia até mesmo
em comédias românticas de olho nas bilheterias gordas vem se tornando
onipresente, dificilmente é algo que tenha uso narrativo. "Homem de Ferro 3", "Universidade Monstros" e qualquer outro desses entrega praticamente o mesmo nível de diversão assistido em casa.
"Gravidade" não. Assistí-lo em casa, ao invés do cinema, em 3D - e de
preferência no IMAX -, é perder uma parte significativa da experiência.
O drama da Doutora Ryan Stone, vivida por Sandra Bullock, sua sensação
de solidão e a redenção em todos os momentos em que escolhe a vida ao
invés do esquecimento, são potencializados pelo tamanho da tela e pela
profundidade de campo. O resultado é, literalmente, de tirar o fôlego.
Coleção de belas metáforas visuais |
Mas, claro, pode-se alegar o mesmo de um "Círculo de Fogo"
- ainda que tenha um roteiro infinitamente mais fraco. Mas aí entra a
genialidade da construção de um profundo drama existencialista
construído com ares de ficção científica. Por que mesmo que ele seja
melhor visto no cinema, ele permanece um grande filme sem o aparato
ideal de visualização por conter os elementos mais básicos de um grande
filme. Bom roteiro, boas atuações e belas imagens.
Parece contraditório, mas é mais em um sentido complementar. Por um
lado, parte da função de um objeto artístico é levar o meio a um limite
tecnológico, ao mesmo tempo em que funcione em sua razão mais elementar.
E "Gravidade" cumpre a essas duas funções. Leva o cinema a um novo nível, ao mesmo tempo em que é, simplesmente, um grande filme.
Fonte:POP
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