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31 de dezembro de 2013

Especial - Por que "Gravidade" é o filme mais importante de 2013

Sandra Bullock como a Dra. Ryan Stone em "Gravidade"
Antes que você se limite a ler o título e correr para a caixa de comentários para xingar até a minha oitava geração, em ambas as direções na árvore genealógica, te peço calma. Não estou dizendo que "Gravidade" é o melhor filme de 2013, apesar de afirmar categoricamente que é um dos melhores
E se você sacar da cartola produções como "O Som ao Redor", "Anna Karenina" e "Django Livre" e dizer que são melhores narrativas, pode até ter um bocado de razão. Ou, por outro lado, se vier com "Homem de Aço", "Além da Escuridão - Star Trek" ou "Thor: Mundo Sombrio" com o argumento de serem mais divertidos, também poderá ter lá sua parcela de razão.
Mas veja: não é isso que estou dizendo. O que estou dizendo é que "Gravidade" é o filme mais importante de 2013. Não o melhor, necessariamente. Mas sim o filme que fará (provavelmente) 2013 ser lembrado na história do cinema. Isso porque foi o único que levou a tecnologia cinematográfica a um limite estético em pleno acordo com a necessidade narrativa. Ou, simplificando: é como se "Avatar" tivesse um roteiro decente.
A ausência de gravidade é um dos grandes marcos
O ponto é que mesmo as grandes produções de 2013, com seus orçamentos inchados e toneladas de efeitos especiais e explosões, perdem muito pouco quando são vistos em casa, em uma boa televisão. Mesmo o 3D que, por culpa dos produtores que insistem em incluir a tecnologia até mesmo em comédias românticas de olho nas bilheterias gordas vem se tornando onipresente, dificilmente é algo que tenha uso narrativo. "Homem de Ferro 3", "Universidade Monstros" e qualquer outro desses entrega praticamente o mesmo nível de diversão assistido em casa.
"Gravidade" não. Assistí-lo em casa, ao invés do cinema, em 3D - e de preferência no IMAX -, é perder uma parte significativa da experiência. O drama da Doutora Ryan Stone, vivida por Sandra Bullock, sua sensação de solidão e a redenção em todos os momentos em que escolhe a vida ao invés do esquecimento, são potencializados pelo tamanho da tela e pela profundidade de campo. O resultado é, literalmente, de tirar o fôlego.
Coleção de belas metáforas visuais
Mas, claro, pode-se alegar o mesmo de um "Círculo de Fogo" - ainda que tenha um roteiro infinitamente mais fraco. Mas aí entra a genialidade da construção de um profundo drama existencialista construído com ares de ficção científica. Por que mesmo que ele seja melhor visto no cinema, ele permanece um grande filme sem o aparato ideal de visualização por conter os elementos mais básicos de um grande filme. Bom roteiro, boas atuações e belas imagens.
Parece contraditório, mas é mais em um sentido complementar. Por um lado, parte da função de um objeto artístico é levar o meio a um limite tecnológico, ao mesmo tempo em que funcione em sua razão mais elementar. E "Gravidade" cumpre a essas duas funções. Leva o cinema a um novo nível, ao mesmo tempo em que é, simplesmente, um grande filme.
Fonte:POP

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