A pólvora, uma mistura formada por salitre, carvão e enxofre, foi o
único explosivo utilizado com eficiência, desde o século IX, quando os
chineses a inventaram, até o início do século XIX. Em 1838, o químico
francês Theóphile Jules Pelouse preparou a nitrocelulose, um composto
altamente explosivo. A trinitroglicerina (mais conhecida como
nitroglicerina) foi descoberta em fevereiro de 1847 pelo químico
italiano Ascanio Sobrero (1812-1888). Inicialmente ela oi utilizada, em
pequenas doses, como medicamento, por sua propriedade de provocar a
dilatação dos vasos sangüíneos, e em seguida, especialmente na medicina
americana, com o nome de glonoína, em solução alcoólica de 1%, para
combater a nevralgia da coração, os distúrbios nervosos, a enxaqueca, o
soluço e o enjôo.
O uso industrial da nitroglicerina sempre esteve baseado em sua grande
capacidade explosiva. Entretanto, o grande problema para seu uso
industrial provém do fato de ela ser mito sensível à percussão, o que
dificulta a manipulação, a estocagem e o transporte. Qualquer pequena
batida no recipiente que a contém, qualquer pequeno choque, a faz
explodir. Como então conserva-la e só permitir a explosão no momento
desejado?
Alfred Nobel conseguiu controlar a explosividade da nitroglicerina. Um
determinado dia, ele estava acompanhando os trabalhos de remoção de
garrafões de nitroglicerina, o que exigi cuidados extremamente
especiais, quando verificou que estava vazando líquido pela rachadura de
um dos recipientes. Observou que a nitroglicerina misturada à terra
formava uma massa espessa que podia ser manipulada sem perigo de
explosão. Sim nasceu a dinamite, que foi patenteada em 1867 na
Inglaterra. A dinamite é uma mistura de nitroglicerina com material
poroso inerte, como serragem de madeira ou terra infusória (pó
proveniente de algas unicelulares). Essa mistura estabiliza a
nitroglicerina, permitindo que o eu manejo, seu transporte e sua
conservação sejam feitos com segurança. Extremamente devotado aos seus
trabalhos, inventou a espoleta para detonar a dinamite já que a
nitroglicerina estava estabilizada; em 1876 obteve a patente da dinamite
gelatinosa; em 1889 produziu a balistita, uma das primeiras variedades
de pólvora sem fumaça. Esta é constituída de uma mistura de
nitroglicerina, nitrocelulose e geléia de petróleo. O uso de geléia de
petróleo na pólvora sem fumaça nos lembra que, nessa época, Alfred já
trabalhava também com a exploração dos campos petrolíferos de Baku
(Azerbaijão). Essas duas atividades, a fabricação de explosivos e a
exploração de petróleo, levaram Alfred a adquirir uma enorme fortuna.
Talvez, e essa é certamente apenas uma hipótese, Nobel tenha pressentido que os explosivos que inventara continuariam a ser usados predominantemente para fins militares em vez de pacíficos. Essa hipótese nos revelaria um sentimento de culpa por parte de Nobel, é a explicação mais comumente aceita para o fato de ter tomado a decisão de deixar sua enorme fortuna para uma fundação que tem a finalidade de premiar aqueles que lutam pelo desenvolvimento humano. Essa fundação administra a fortuna deixada por Nobel e distribui o total de seus rendimentos anuais como prêmios, os conhecidos prêmios Nobel. No testamento, datado de 27 de novembro de 1895, Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) estipulava que os rendimentos anuais fossem divididos em cinco partes iguais e cada uma elas destinada aos que, no ano anterior, tivessem prestado relevantes serviços à humanidade, nos campos da Química, da Física, Da Fisiologia ou Medicina, da Literatura e da Paz Internacional. Os premidos recebem uma medalha de ouro, um diploma e uma soma em dinheiro.
Os primeiros prêmios Nobel foram distribuídos em 1901. Nos anos seguintes, sem interrupção eles foram concedidos. Não existiu, entretanto, a concessão de prêmios entre 1940 e 1942, pois os alemães invadiram a Noruega em 1940 e se apoderaram da conta bancária do comitê de prêmios. Em alguns anos, determinados prêmios não foram concedidos. Em 1969 foi instituído um prêmio Nobel de Economia.
Ao final de sua vida, Nobel era uma pessoa triste e muito doente. Padeci de angina e sofreu ataques cardíacos. Suprema coincidência ou grande ironia, o medicamento usado no tratamento de seus problemas cardíacos foi nitroglicerina. Ele, que havia ‘domesticado’ a explosividade da nitroglicerina, usava sua capacidade de ser um vasodilatador para ter algum tempo a mais de vida. Alfred Bernhard Nobel faleceu em San Remo, na Itália, em 1896.
Texto extraído do livro “Química: O homem e a natureza”, Geraldo Covre
Fonte:Curiosidades
Nenhum comentário:
Postar um comentário